quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

CULTURA 2010

Um professor de língua portuguesa, em um curso pré-vestibular, solicitou dos alunos uma redação com o seguinte tema: sexo, religião e mistério. Redação curta, sintética, para conter a prolixidade, o falar demais ou escrever demais. Treinar a capacidade de "trocar em miudos", de fazer sínteses, enfim. Um jovem espírito de porco, mas com incrível capacidade de síntese, acertou na mosca: " Comeram a madre superiora. Meu Deus! Quem foi...?" Sexo, religião e mistério!
Creio que ao escrever sobre o que nos espera no processo cultural em 2010, não serei o professor, mas o espírito de porco. Sintético. A política cultural do colonialismo português , impôs a limpeza étnica e cultural nos séculos XVI, XVII e XVIII. Impôs língua, Deus e instituições européias na Pindorama , terra sem males, dos Tupi. A Monarquia , no século XIX, construiu prédios e escolas. A República das Mandiocas, da oligarquia agrária, iniciou o século XX mantendo isso. Na década de 30, em São Paulo, o movimento modernista no poder incluiu a cultura indígena e dos afrodescendentes como preocupação cultural do Estado. No Estado Novo fascista , anos30-40, Vargas revigorou a construção de institutos de preservação, moda da Monarquia portuguesa. No projeto do nacional-desenvolmentismo de Juscelino, houve o impulso inicial para a construção da indústria cultural brasileira, especialmente a fonográfica, a cinematográfica e a editorial. A ditadura militar de 64 fortaleceu a política de institutos protetores do passado, para inviabilizar o presente e o futuro. O presente era o exílio da consciência criativa brasileira dos anos 60-70. Nos anos 80, o governo Sarney instituiu a política de isenção fiscal, mantida nos anos 90 por Collor e FHC. 20 anos depois, esta política beneficiou apenas grandes empresas e produtoras culturais. Beneficiou o mercado.Não a diversidade cultural de manifestações culturais coletivas, artes, vivências, religiões criativas (e não de mercado), folclore e outras expressões da cultura nacional e popular.
O governo Lula e o Ministro Gil ( e agora Juca Ferreira) inauguraram a época da Democracia Participava com o sistema nacional de fundos de cultura, conselhos gestores paritários, conferências e planos de cultura decenais. O foco é a diversidade cultural e não o mercado, embora a indústria criativa esteja contemplada. 2010 será o ano da II conferência nacional de cultura. Ano para a sociedade civil organizada referendar a PEC que institucionaliza o novo plano nacional de cultura. Democrático, participativo, nacional, popular e abrangente. Comeram a madre superiora. Meu Deus! Quem foi?... O nome do aluno é Hilário. O apelido do professor Fredy Kruguer... Meu Deus! quem foi?

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