quinta-feira, 17 de junho de 2010

XINGU: FERNANDO MEIRELLES, CAU HAMBURGUER E A ALMA DO NEGÓCIO

Xingu é a nova produção cinematográfica dos cineastas Fernando Meirelles e Cau Hamburguer.O tema é a criação do Parque Nacional do Xingu. A visão de mundo é a criação deste reserva pela ótica dos irmãos Villas=Boas.
Como parte do processo de composição do elenco,os cineastas solicitaram da companhia de teatro amazonense Pombal Artes uma importante colaboração: Requisitaram, profissionalmente, que a nossa companhia selecionasse atores indígenas,especialmente menores, para o elenco. Isto se deve, talvez,ao fato da nossa companhia ser a única no mundo, além da inventora, do teatro do indígena na cidade e no presente.
Fui o dramatirgo dos cinco espetáculos do teatro do indígena na cidade e no presente, tendo o prazer de partilhar estes espetáculos com o diretor Luiz Vitalli. Cinco espetáculos com uma estética que mistura ritual e teatro para criar uma nova arte cênica. Nada de mais, nada de menos, apenas uma importante guinada dentro da tradição ocidental européia das artes cênicas brasileiras.
Vitalli fez a seleção de atores a partir das etnias que já trabalharam conosco, exceto os Cambebas, que são, na verdade, os antigos Omáguas- inventores da agricultura de várzea na Amazônia.A maioria dos atores escolhidos foram da etnia Tariano_ os Tárias, povo do trovão e de Buopé, herói que acabou com a antropofagia no Rio Negro.
Minha participação nisso é nenhuma. Aliás, a seleção para Xingu interrompeu momentaneamente os ensaios de CUNHÃ , meu sexto espetáculo com o grupo Pombal.Um monólogo dentro da nossa tradição do teatro do indígena na cidade e no presente.
Porém, mesmo sem eu ter nenhuma participação nisso, o "mercado" ficou nervoso com a possibilidade de uma participação deste contista e dramaturgo em um roteiro de uma obra cinematográfica. Rapidamente colocaram em prática a única coisa que sabem fazer: organizaram uma operação "abafa" e tentaram, através de espaços comprados na mídia, "capitalizar" o fato para outro escritor, através do marketing indireto.
Se a Alma do Negócio é a concorrência e a competição, escalaram o escritor de mercado Márcio Souza para me "substituir" em algo que não existe, em algo que não faço parte, mas que para eles é uma possibilidade.
A estratégia é a mais rotineira e bisonha possível: 1) organizaram rapidamente o lançammento de uma apostila de "introdução ao empreendedorismo no cinema", de Márcio Souza, para o mesmo período em que a produção de Xingu estaria em Manaus; 2) Para cada matéria sobre a seleção de elenco em Manaus, feita pelo nosso grupo, encaixavam do lado uma matéria como sugestão para contratarem Márcio Souza, nem que fosse para lecionar uma introdução ao oportunismo ou a alma do negócio na Amazônia ;
Peço desculpas ao Fernando Meirelles e ao Cau Hamburguer por este espírito "capitalizador" pré-histórico e descarado do capitalismo cultural na Amazônia. A idéia deles era "capitalizar" a presença de vocês dois e associar a imagem de vocês ao Márcio Souza. Ele é socio da indústria editorial e tem um irmão jornalista muito influente sobre seus ex-alunos que hoje ocupam as redações. O complexo de inferioridade é muito grande. Não são judeus de "barriga" e por isso se sentem menores.
Mas o que que a Amazônia tem que haver com isso?
Eles representam a "alma do negócio capitalista na Amazônia". São eles que só sabem viver na competição de mercado. Não conseguem cooperar. O negócio é faturar em cima, "capitalizar" para "agregar valor". Daí que peço desculpas por este primitivismo que tentaram associar as vossas imagens. Eles não pertencem ao nosso grupo. Nos odeiam, mas, quando interessa, para faturar no mercado, associam sua imagem a nós.
Esta é , para eles, " a alma do negócio".

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