quinta-feira, 11 de novembro de 2010

CUNHÃ E HELENA INÊZ: O TEATRO DA FLORESTA E O CINEMA NOVO SE ENCONTRAM EM MANAUS

Hoje à tarde, entre 15 e 17 horas, o Teatro Gebes Medeiros, no centro de Manaus, foi o cenário de um encontro muito especial.No palco, o espetáculo CUNHÃ - FILHA DE YEPÁ, eterna parceria entre eu e o autor-diretor Luiz Vitalli.Na platéia, numa pequena fuga do Festival de Cinema do Amazonas, a atriz Helena Inês, musa do cinema novo.
Helena Inês foi generosa. Levou sua assistente de direção e filmou o espetáculo inteiro. A atriz cabocla Lane Ribeiro e a Atriz indígena (Tariano) Eva Maria, que interpretam a mesma personagem do monólogo, também corresponderam. Na melhor encenação do espetáculo, retribuíram a generosidade da diva do cinema novo com uma performance exuberante e envolvente.
CUNHÃ é mais um espetáculo dentro da estética do teatro indígena na cidade e no presente. Desta vez, o grupo encena não mais o mito milenar na cidade e no presente, como em PORONOMINARI, mito de comportamento Arawak-Manau-Baré.Nem uma etnia mantendo sua tradição na cidade , em confronto com a cultura ocidental, como na SAGA MUNDURUKU.CUNHÃ já é o resultado da influência da cultura indígena na cultura popular cabocla.
CUNHÃ é Arawak-Tupi-Tucano-Tikuna-Cabocla- Indígena-Negra-Branca-Popular Amazônica-Brasileira e quem quiser entender a diversidade cultural do Brasil que a entenda. Senão não entenderá o Brasil Popular Brasileiro. Desculpa.
Helena Inêz viveu todos os momentos da peça. Riu, lagrimou, surpreendeu-se e encantou-se. Ela olhava o espetáculo e eu a olhava, diva, diáfana, orgulhoso de mim e do grupo, encantado com uma impossibilidade que se tornou posível. Como o cinema novo veio nos conhecer? Por que? Para que meu Deus? Não faça isso comigo!!!
Helena adorou a cena na qual a Cunhã, seminua, lambuza o corpo com o vermelho do urucum e fala: "Antes o vermelho era do urucum, agora é do mercúrio, que envenena o rio dos nossos parentes".Gostou da também da cena na qual a atriz Eva Maria Tariano, falando a língua do seu povo, expulsa a polícia da sua terra e de cima do seu marido. "Se esta terra é tua, então onde é a minha?"
Falei que o Tariano é um dialeto do tronco linguístico Arawak. Helena falou que Glauber Rocha tem um filho cujo sobre nome é Arawak. Chorei. A fórmula erudito-folclore popular de Glauber é a fonte de inspiração do cinema e do teatro pos-moderno, alegórico, analógigo, mitológico, vital.
Oh! Helena Inês. Já és Amazônica, mana. Teu filme sobre a Amazônia não será um qualquer, superficial, exótico e alienante. Teu filme revelará a última civilização desconhecida do planeta. Teu filme mostrará o verdadeiro segredo da floresta. Nós te prometemos isto, MUSA.

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