quinta-feira, 24 de março de 2011

FORUM MUNDIAL DA SUSTENTABILIDADE EM MANAUS - UMA VERSÃO EMPRESARIAL

Começou hoje, em Manaus, a segunda versão do Fórum Mundial da Sustentabilidade. É uma iniciativa do Grupo Empresarial Rede Calderaro de Comunicações, que engloba jornal, TV, rádio e editora. O Fórum da Sustentabilidade, além de debater a versão empresarial da sustentabilidade Amazônica, marca o início da parceria entre a editora deste grupo e uma editora paulista para, em co-produção, lançar informações sobre a Amazônia em várias mídias.
Para debater sustentabilidade, o Grupo Calderaro trouxe à Manaus Arnold Shwarseneger(acho que é assim!), James Cameron, Bill Clinton e outras "celebridades".
A idéia é construir um marketing global sobre os produtos desta rede de comunicações. A sustentabilidade da biodiversidade Amazônica é o mote.
A iniciativa é legítima em uma sociedade democrática como a brasileira. Contudo, a sustentabilidade em debate não alcança as cadeias produtivas das matérias-primas Amazônicas, nem muito menos das experiências de economia solidária. No máximo, abre espaço para as experiências de Lutheria com madeira certificada. A economia solidária e os movimentos sociais estão fora do debate e do custo empresarial.
Apesar disto, grupos militantes de movimentos ambientais, culturais e sindicais esperam não perder a oportunidade para fazer um movimento de contra-hegemonia e contra-informação. Do lado de fora do Hotel Tropical, cinco estrelas cujo esgoto sem tratamento polui o Rio Negro e a praia da Ponta Negra, muitos movimentos sociais protestam contra o conceito empresarial de sustentabilidade e contra o complexo de inferioridade das elites Amazônicas. Aceitam tudo, menos receber lição de desenvolvimento sustentável do "Exterminador do Futuro" e de outras expertisis (é assim?) imperialistas. Não aceitam que o bandido roube a banana em seu quintal e venha vendê-la na porta da frente.
Hoje mesmo, dia 24 de março, há uma audiência pública com todos os movimentos ambientais de Manaus para debater o destino de alguns patrimônios naturais ameaçados. O Movimento SOS Encontro das Águas e o Movimento SOS igarapé Água Branca, último igarapé limpo da cidade, comandam a sociedade civil contra a devastação ambiental de Manaus. Perto do igarapé água branca, onde moro, surgiu também o Movimento SOS Cachoeira Alta, também a última de Manaus e também ameaçada por projetos urbanos imediatistas.A sustentabilidade verdadeira passa longe da lógica artificial e glomourosa do ambientalismo de boutique.
A Rede Calderaro de Comunicações é uma empresa nativa da Amazônia. Tem meio século de existência e seu fundador, um jornalista militante, sofreu bastante para legar um grande grupo empresarial para a família. Não foi um oportunista, um negociador barato de notícias. Foi um trabalhador que virou empresário. Seus herdeiros, hoje associados ao movimento empresarial LIDE,possuem legitimidade para negociar com as elites do capitalismo global. Espero que negociem a autonomia do manufaturamento das matérias-primas Amazônicas e a exportação de seus produtos em uma economia de escala. Não devem reiterar a sécular fórmula de dominação da Amazônia: exportação de matérias-primas baratas e a compra superfaturada de bens manufaturados.
Se for para inverter esta secular lógica de dominação, estamos juntos. Se for para legitimá-la novamente, estamos de lado opostos.

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