segunda-feira, 11 de julho de 2011

A MORTE DO PIROPO ( Dedico à Luz, cadela viralata, grávida de três meses, a quem Piropo escolheu como companheira entre tantas cadelas raciadas)

Na Rua Caravele, bairro Tarumã, Manaus, Amazonas, há um projeto, ao mesmo tempo, civilizatório e ambiental.
Projeto Civilizatório porque recupera a cultura Tarumã, povo indígena que habitou o local até o século XVIII, expulso pelo projeto colonial. O nosso projeto recupera o modo de viver, a língua, os usos e os costumes herdados para nós, Amazônidas (cabocos) contemporâneos. Tenta fazer resssurgir, renovado e atualizado ao presente, desde o modo de comer até os rituais tradicionais da região, incluindo as comunidades ayuasqueiras e afrodescendentes.
Projeto Ambiental porque preserva, com muita luta, o último igarapé limpo de Manaus - o Água Branca.
Neste último resíduo florestal urbano de Manaus, no que parece uma ironia da capital da floresta , a fauna e a flora originária da Amazônia ainda tem uma parte intocada.Espécies animais e vegetais não classificadas impressionam quem visita a área.
Vivendo neste local, além dos animais nativos, há gatos e cachorros.
Piropo, um doberman, era um deles.
Embora com aparência feroz, Piropo era um amor de animal. Brincalhão, safado, fiel, "honesto" e "pegador das cadelas".
Nesta madrugada,Piropo teve sua casa invadida por uma jararaca. Foi picado e, em pouco tempo, morreu, espumando de um modo horroroso.

*

Este é um réquiem para você Piropo.
O indígena Tukano Joaquim, seu amigo e tratador, foi quem me comunicou sua "passagem".
Estás enterrado no coração da floresta, no centro geodésico da Amazônia. Teus restos mortais estão no Corredor da Biosfera da ONU, no Corrredor Ecológico do Brasil Central e na APA Manaus Tarumã.Seu corpo está alinhado cosmicamente.
Descanse em paz, adorável animal.

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