sexta-feira, 7 de outubro de 2011

PRÊMIO NOBEL DE LITERATURA

Na minha vida de escritor, já recebi muitos prêmios. Não sei se os merecia, mas os recebi. Muito pela originalidade de dramaturgo, com o teatro do indígena na cidade e no presente.Muito por ter acelerado a velocidade do diálogo na dramaturgia amazônica, antes carregado de discursos e de "greguice". Muito por ter introduzido o diálogo fantástico nesta mesma dramaturgia. Muito por ter criado uma estética de fusão entre o teatro grego e o ritual indígena. Junto com o Grupo Pombal, inventei um nova forma de arte cênica. Muita gente não gostaria de ouvir isto, mas o que que eu posso fazer?
Foi por esta dramaturgia que ganhei seis prêmios nacionais de teatro. O primeiro em 1996,no centenário do teatro Amazonas, com Poronominari. Este é o primeiro texto do teatro do indígena na cidade e no presente. Foi escolhido em concurso nacional da FUNARTE para o centenário do Teatro Amazonas. Deveria ter sido apresentado em 31 de dezembro deste mesmo ano. Mas o gestor de plantão, um amazonense, que teria que mandar o valor do prêmio - R$41 mil- , em julho, mandou apenas 5 mil, em dezembro.A perseguição é antiga.Bom...
No ano de 2005, ganhei um prêmio nacional de teatro (FUNARTE), um prêmio regional de literatura (BASA), um prêmio estadual de teatro (SEC) e um prêmio municipal de teatro ( Sec. Municipal de Cultura). Os de teatro, junto com o grupo Pombal, nos seis meses do ano em que estamos "de bem". Todos prêmios públicos. Disputados em editais públicos, sem interesse de mercado em jogo. Foi o meu melhor desempenho. Ninguém no país nunca teve está performance. Mas e daí? Qual o lucro que dei para a indústria cultural? Se eu não ganhei dinheiro com isso ,pois são prêmios simbólicos, quem ganharia? Quem acredita que uma obra experimental-proletária interessa ao mercado? Quantos idiotas sem obra são glamourizados por uma mídia idiotizada e sem critérios estéticos ? Quantos idiotas fazem seus próprios release e a mídia interesseira os divulga sem filtro?
Há prêmios de mercado, diferentes dos prêmios disputados por editais públicos. No Brasil, há vários. Prêmios que doze editoras que controlam o mercado distribuem entre si. Criam visibilidade para seus escritores-produtos para que o público os consuma. Criam aura, formam santo, divinizam oráculos. Tudo para vender mais. Basta comparar com qualquer outro produto. Sacralizam o marketing mistificador e esquecem a informação precisa. Desprestigiam o circuito universitário, o circuito didático, o circuito digital, o circuito dos bares , o circuito "marginal". Só vale a mercadoria.O critério do valor estético é submetido ao critério do valor de mercado. Quem vende mais? Quem aparece mais no jornal?
O nobel, prêmio para o qual, a partir de agora, sou carta fora do baralho (rssssssssss), também se move pela lógica do mercado. A burguesia sueca escolhe as linhas editorias e os estilos narrativos. O realismo proletário, o realismo crítico-popular e o incompreendido realismo-socialista nunca estiveram entre os ganhadores. Por isso que Jorge Amado nunca passou pelo crivo dos "críticos oficiais" da burguesia sueca.
O realismo-"sujo" , do poema Sujo , de Ferreira Gullart, que não se meta a besta e onde não é chamado.
É melhor esclarecer isto e deixar o Prêmio Nobel em Paz.Ele no lugar dele e nós, escritores proletários, no nosso. É o jogo democrático. A quem interessa uma estética literária realista-civilizatória, a serviço da reinvenção das identidades destruídas pela "globalização"?
Que tal criarmos a referência estilística da classe trabalhadora? Seremos sempre reféns das modas e dos oráculos da burguesia? Serei um herege ou apenas tenho uma opinião estética diferente da oficial burguesa?
Muito respeito pela vida do poeta sueco que ganhou o prêmio nobel em 2011. Não conheço sua obra.Parabéns. Mas nossa praia é outra.

Um comentário:

  1. Olá Mitoso!

    Estou muito grato pelos teus comentários com relação as minhas postagens no BLOGDOROCHA. Estou também acompanhando o teu Blog – a partir de hoje, o teu endereço estará no bloco “BLOG DOS BONS”. José Rocha

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