sábado, 27 de agosto de 2011

JOSÉ CARLOS MARIÁTEGUI: O MITO, O GÊNIO, O GUERREIRO



Editora Boitempo
Título: Do sonho às coisas
Subtítulo: retratos subversivos
Autor(a): José Carlos Mariátegui
Prefácio: Luiz Bernardo Pericás
Tradutor(a): Luiz Bernardo Pericás
Páginas: 160
Ano de publicação: 2005
ISBN: 85-7559-061-8
Preço: R$ 35,00
Indique para um amigo
Em uma curta e intensa vida, o jornalista, teórico e dirigente revolucionário peruano José Carlos Mariátegui (1894-1930) uniu pensamento e ação, arte e política, jornalismo e militância, construindo uma obra que fez dele o mais original dos pensadores marxistas latino-americanos.

Empenhado em trazer as idéias de Marx para a realidade do subcontinente, Mariátegui abriu caminhos para uma reflexão própria do marxismo, sempre lutando pelo papel dos povos e culturas indígenas na luta de classes e pela transformação social. Sua obra teórica – e sua visão sobre a formação social e étnica da indo-américa – influenciou desde a revolução cubana e Che Guevara até os zapatistas de Chiapas, e segue inspirando movimentos que lutam pela igualdade e pela emancipação em toda a América Latina. Dentre os vários livros que escreveu, destacam-se Siete ensayos de interpretación de la realidad peruana e La escena contemporânea.

Mariátegui aliava o trabalho teórico ao gosto pelos debates das vanguardas artísticas e a profissão de jornalista, o que no início da carreira o levou a escrever sobre assuntos tão diversos quanto corridas de cavalo e notícias policiais. Publicou poemas, fundou revistas de humor e arte; mas logo passou a se dedicar com convicção à causa socialista, fundando o Partido Socialista Peruano, escrevendo como correspondente na Europa e criando publicações com forte conteúdo de crítica social. Entre elas, a célebre revista Amauta, palavra quéchua que significa `sábio, sacerdote`, e que se tornou uma espécie de alcunha do próprio Mariátegui.

Neste Do sonho às coisas: retratos subversivos, Luiz Bernardo Pericás reúne escritos nos quais nosso autor analisa personagens como Mussolini e a ascensão do fascismo, Mahatma Gandhi e a luta pela independência indiana, John Maynard Keynes e o tratado de Versalhes, André Gide e a Nouvelle Revue Française, Leon Trotski e suas reflexões sobre arte, Máximo Gorki e a revolução russa, H.G. Wells e a visão de mundo do Império Britânico, entre outros.

Esses retratos, textos em permanente movimento, corajosos, apaixonados, demolidores, permitem também conhecer mais do seu autor: um homem de talento e inteligência afiada, que buscou ver a realidade com olhos latino-americanos que sonhavam e lutavam para transformar o mundo.

Sobre o autor
Nascido em 1894 no Peru, José Carlos Mariátegui trabalhou com jornalismo de 1908 até 1919, passando por publicações como La Prensa, El Tiempo e La Razón. A partir de 1918, voltou-se ao socialismo e dedicou-se a viajar pela Europa, voltando à sua terra natal cinco anos depois. No Peru, escreveu reportagens e artigos sobre a situação européia, e deu início ao seu trabalho de investigação da realidade peruana sob um olhar marxista.

Sobre a Coleção Marxismo e Literatura
Coordenação de Leandro Konder
A coleção resgata a análise da literatura do ponto de vista da teoria crítica, em reflexões sobre a cultura e seu papel transformador. Outra linha importante desta série é a publicação de textos que conjugam a qualidade literária com o engajamento político

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

REVISTA PAN-AMAZÔNICA DE SAÚDE: UMA ATITUDE PRÓ-VIDA

ESTUDOS SOBRE O CANCER DE COLO DE ÚTERO NAS MULHERES AMAZÔNICAS


***

Frequência e genotipagem do Papilomavírus humano em mulheres de comunidades ribeirinhas do Município de Abaetetuba, Pará, Brasil

Frequency and genotyping of human Papillomavirus in women from riparian communities in the Municipality of Abaetetuba, Pará State, Brazil

Frecuencia y genotipado de Papilomavirus humano en mujeres de comunidades riberenas del Municipio de Abaetetuba, Estado de Pará, Brasil


***


Daniel Valim DuarteI; Elza Baía de BritoII; Aline Silva de Sousa CantoIII; Edna Aoba Yassui IshikawaIV; João Guimarães PinheiroV; Jaqueline Helen Godinho CostaVI; Maisa Silva de SousaIV

INúcleo de Medicina Tropical, Faculdade de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pará, Belém, Pará, Brasil
IILaboratório de Anatomia Patológica e Citopatologia, Núcleo de Medicina Tropical, Universidade Federal do Pará, Belém, Pará, Brasil
IIICurso de Especialização em Análises Clínicas, Núcleo de Medicina Tropical, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal do Pará, Belém, Pará, Brasil
IVLaboratório de Biologia Molecular e Celular, Núcleo de Medicina Tropical, Universidade Federal do Pará, Belém, Pará, Brasil
VFaculdade de Estatística, Instituto de Ciências Exatas e Naturais, Universidade Federal do Pará, Belém, Pará, Brasil
VIFaculdade de Ciências Biológicas e Núcleo de Medicina Tropical, Universidade Federal do Pará, Belém, Pará, Brasil

Endereço para correspondência
Correspondence
Dirección para correspondencia






--------------------------------------------------------------------------------

RESUMO

O Papilomavírus humano (HPV) é reconhecido como principal agente causador do câncer do colo do útero. A identificação de HPV de alto risco pode auxiliar na prevenção de lesões do colo uterino. Objetivamos identificar, entre mulheres de comunidades ribeirinhas do Município de Abaetetuba, Estado do Pará, a frequência de infecção pelo HPV, comparando com nível de lesão uterina apresentada, a flora vaginal e o tipo de HPV encontrado. No período de setembro a dezembro de 2008, foram coletadas amostras da cérvice uterina de mulheres ribeirinhas de demanda espontânea para a realização do exame citopatológico. Nesta amostra, foram realizadas a pesquisa e tipagem molecular de HPV através da reação em cadeia da polimerase (PCR) seguida de digestão enzimática. Das 79 amostras analisadas, nove (11,39%) foram positivas para HPV, onde foram identificados os tipos 6,54a, 58, 72, 81, 102, além de infecções múltiplas. Todas as amostras positivas para HPV apresentaram esfregaço inflamatório e/ou com alterações celulares no exame citológico. O HPV foi identificado em 20% (5/25) dos esfregaços inflamatórios de mulheres com 30 anos de idade ou menos (p = 0,0435). A infecção por HPV foi identificada em 33,4% (5/15) das mulheres examinadas na comunidade de Tucumanduba, destacando-se da frequência de 6,2% (4/64), encontrada nas outras comunidades juntas (p = 0,0103). A presença de HPV de alto risco oncogênico destaca a importância de ações específicas, voltadas para a prevenção na transmissão desse vírus e no rastreamento das doenças relacionadas, nas comunidades ribeirinhas do Município estudado.

Palavras-chave: Infecções por Papillomavirus; Reação em Cadeia da Polimerase; Polimorfismo de Fragmento de Restrição.


--------------------------------------------------------------------------------

ABSTRACT

Human papillomavirus (HPV) is recognized as the main causative agent of cervical cancer, and identifying high-risk HPVcan help prevent cervical lesions. The objective of this study was to identify the frequency of HPV infection in women from riparian communities in the Municipality of Abaetetuba, Pará State, Brazil, and to compare those results with their level of uterine injury presented by the patient, their vaginal flora and the type of HPV found. From September to December 2008, cervical samples were collected from riparian women who spontaneously presented themselves for a cytopathological test. In these samples, polymerase chain reaction followed by enzymatic digestion were conducted for molecularstudies and typing of HPV. Of the 79 samples analyzed, nine (11.39%) were positive for HPV, and HPV types 6, 54a, 58, 72, 81 and 102 were identified, along with multiple other infections. All of the samples that tested positive for HPV were associated with an inflammatory smear and/or with cellular alterations on cytological examination. HPV was identified in 20% (5/25) of inflammatory smears in women younger than 30 years of age (p = 0.0435). HPV infection was identified in 33.4% (5/15) of women examined in the community of Tucumanduba in contrast with the 6.2% (4/64) combined frequency found in the other communities (p = 0.0103). The presence of high oncogenic risk HPV warrants the importance of specific actions aimed at preventing the transmission of this virus and screening for related diseases in riparian communities in the Municipality studied.

Keywords: Papillomavirus Infections; Polymerase Chain Reaction; Polymorphism, Restriction Fragment Length.


--------------------------------------------------------------------------------

RESUMEN

El Papilomavirus humano (HPV) es reconocido como el principal agente causador de cáncer de cuello de útero. La identificación de HPV de alto riesgo puede auxiliar en la prevención de lesiones del cuello uterino. El objetivo es el de identificar, entre mujeres de comunidades riberenas del Municipio de Abaetetuba, Estado de Pará, Brasil, la frecuencia de infección por el HPV, comparando con el nivel de lesión uterina presentada, la flora vaginal y el tipo de HPV encontrado. En el período de setiembre a diciembre de 2008 se colectaron muestras del cérvix uterino de mujeres riberenas por demanda espontánea, para la realización de examen citopatológico. En esta muestra, se realizo la investigación y el tipado molecular de HPV a través de la reacción en cadena de la polimerasa (PCR) seguida de digestión enzimática. De las 79 muestras analizadas, nueve (11,39%) fueron positivas para HPV, y fueron identificados los tipos 6, 54a, 58, 72, 81, 102, además de infecciones múltiples. Todas las muestras positivas para HPV presentaron frotado inflamatorio y/o con alteraciones celulares en el examen citológico. El HPV fue identificado en 20% (5/25) de los frotados inflamatorios de mujeres con 30 anos de edad o menos (p = 0,0435). La infección por HPV fue identificada en 33,4% (5/15) de las mujeres examinadas en la comunidad de Tucumanduba, destacándose de la frecuencia de 6,2% (4/64), encontrada en las otras comunidades juntas (p = 0,0103). La presencia de HPV de alto riesgo oncogénico destaca la importancia de acciones específicas, dirigidas a la prevención en la transmisión de ese virus y el rastreo de las enfermedades relacionadas, en las comunidades riberenas del Municipio estudiado.

Palabras clave: Infecciones por Papillomavirus; Reacción en Cadena de la Polimerasa; Polimorfismo de Longitud del Fragmento de Restricción.


--------------------------------------------------------------------------------





INTRODUÇÃO

O Papilomavírus humano (HPV) é um vírus de DNA, da família Papovaviridae1,2, capaz de induzir lesões de pele ou mucosa, as quais mostram um crescimento limitado e frequentemente regridem espontaneamente3. Estudos epidemiológicos estabeleceram que certos tipos de HPV, dentre os 118 tipos existentes, são a principal causa do câncer de colo de útero (CCU)4,5,6,7,8,9. A relação entre o HPV e o CCU é cerca de dez a 20 vezes maior do que a relação do tabagismo e o câncer de pulmão10. Os tipos 16 e 18, dentre os tipos de HPV que infectam a região do colo do útero, foram identificados como os principais agentes etiológicos desse tipo de câncer11.

De acordo com inquéritos de prevalência realizados em alguns grupos de mulheres sexualmente ativas, estima-se que entre 10% e 20% das mulheres estejam infectadas pelo vírus3,7,12,13,14, mas somente uma pequena fração das mulheres infectadas com um ou mais dos tipos de HPV de alto risco oncogênico eventualmente desenvolverá CCU, pois a infecção pelo HPV é essencial, mas não suficiente para a evolução do câncer10,15,16.

No Pará, estima-se que a taxa para o CCU seja de 22 para cada 100 mil mulheres, sendo este, o câncer mais incidente entre as mulheres do Estado, excluindo o câncer de pele não melanoma17. As mulheres paraenses que moram em comunidades ribeirinhas são carentes de atenção e desta forma a identificação de indicadores que possam auxiliar nas ações de saúde para essas comunidades é de grande importância na prevenção de doenças.

Neste sentido, este estudo pesquisou a frequência e a diversidade de HPV, além de analisar a relação do HPV de alto risco oncogênico com as alterações cervicais encontradas pelo exame citopatológico, em mulheres de cinco comunidades ribeirinhas do Município de Abaetetuba no Estado do Pará.



MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo transversal realizou uma análise descritiva e analítica dos resultados dos exames realizados juntamente com os preventivos de câncer de colo de útero (PCCU) coletados entre setembro e dezembro de 2008 de mulheres das comunidades ribeirinhas de Tucumanduba (n = 15), Ilha do Capim (n = 7), rio Ajui (n = 50), rio Paruru (n = 5) e rio Panacuera (n = 2). Estas comunidades pertencem ao Município de Abaetetuba que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística18, possui 139.819 habitantes em uma extensão territorial de 1.611 km2.

As mulheres foram orientadas e convidadas a participar do estudo, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O protocolo de pesquisa foi analisado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Núcleo de Medicina Tropical (NMT), em 3 de dezembro de 2007, segundo o protocolo de no 050/2007 CEP/NMT.

O esfregaço citológico convencional foi constituído de raspado ectocervical e endocervical, colhidos com espátula de Ayre e escova endocervical, estendido em lâmina de vidro, fixado com polietilenoglicol e corado pela técnica de Papanicolaou. As amostras foram examinadas no Laboratório de Anatomia Patológica e Citopatologia do NMT, Unidade da Universidade Federal do Pará (UFPA) e os resultados foram classificados de acordo com a Nomenclatura Brasileira para Laudos Cervicais, sendo identificadas: Células epiteliais atípicas de significado indeterminado (CEASI), lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (LIEBG) e para lesão intraepitelial escamosa de alto grau (LIEAG)17.

Amostras biológicas coletadas pela escova endocervical foram estocadas em solução de NET/SDS (10 mM NaCl, 10 mM EDTA, 1 mM Tris, 1% SDS), onde foi adicionado 4,0 µg de proteinase K e estocado a 47 oC por 12 h, para lise das células e extração de DNA. Posteriormente, o DNA foi purificado pelo método de fenol/clorofórmio/álcool isoamílico (24:24:1), precipitado em etanol e diluído em 100 µL de TE (Tris-HCl 10 mM, pH 8,0; EDTA 1 mM).

A identificação molecular do HPV foi realizada pela amplificação da reação em cadeia da polimerase (PCR), usando os oligonucleotídeos consenso MY09 e MY11 que amplificam um fragmento de 449-458 nucleotídeos (dependendo do tipo de HPV) de uma região altamente conservada do gene L119. Cada reação de PCR foi preparada com um volume total de 10,0 µL, contendo 1,0 µL de DNA da amostra biológica e 9,0 µL de uma mistura (MIX) de reagentes [4,9 µL de água estéril, 0,4 µL de cada um dos quatro trifosfatos de desoxinucleotídeo (100 mM - pH 7,5), 0,5 µL de cada oligonucleotídeo para HPV (200 ng/µL), 1,0 µL de solução tampão (60 mM Tris-HCl - pH 7, 1 M NaCl, 60 mM MgCl2, 10 mM DTT 37o), 0,3 µL de MgCl2 (50 mM) e 0,2 µL da enzima Taq DNA polimerase (5 U/µL)]. A reação foi submetida ao termociclador (Biocycler MJ96G) com a seguinte programação: 4 min a 95 oC para desnaturação do DNA, seguidos por 35 ciclos de 94 oC por 30 segundos, 56 oC por 30 segundos e 72 oC por 30 segundos, e uma etapa de 72 oC por 8 min para extensão final do DNA. Todas as amostras foram previamente amplificadas para um fragmento do gene da globina humana, utilizando o mesmo MIX, com exceção dos oligonucletídeos específicos para HPV, que foram substituídos pelos oligonucletídeos G73 e G7420. Foram usados como controle positivo, amostra conhecidamente positiva, e como controle negativo, água estéril. Os produtos de PCR foram submetidos à eletroforese em gel de agarose a 1% contendo brometo de etídio (0,5 µg/mL) e visualizados em transiluminador sob luz UV.

A genotipagem do HPV foi realizada a partir da digestão enzimática do produto de PCR gerado (MY9/MY11) das amostras positivas, utilizando as enzimas: PstI, HaeIII, DdeI e RsaI e posterior comparação dos perfis de digestão gerados com o algoritmo de genotipagem descrito por Nobre et al21. A significância estatística das diferentes proporções das variáveis estudadas foi identificada pelo teste Exato de Fisher no programa Bioestat 5.022.



RESULTADOS

Um total de 79 mulheres de cinco comunidades ribeirinhas do Município de Abaetetuba, Pará, realizou o PCCU entre setembro e dezembro de 2008. A idade dessas mulheres variou de 16 a 81 anos, com média de 37,5 (DP ± 13,9) anos. A idade que se mostrou mais frequente na amostra foi de 27 anos (n = 7). Observou-se também que 59,5% das mulheres que realizaram o PCCU encontravam-se na faixa de 21 a 40 anos de idade (Tabela 1).




( TABELA )



Dos 79 exames citológicos realizados, 59,49% (n = 47) apresentaram resultados sem alterações citológicas atípicas, sendo que 2,53% (n = 2) foram identificados com esfregaço normal e 56,96% (n = 45) com esfregaço inflamatório. Os esfregaços que mostraram células atípicas caracterizaram 40,51% (n = 32) dos exames realizados, sendo classificados como 21,52% (n = 17) de CEASI, incluindo lesões possivelmente não neoplásicas e aquelas onde não se pode afastar lesão intraepitelial escamosa de alto grau, 16,46% (n = 13) de LIEBG e 2,53% (n = 2) de LIEAG. A frequência de alterações citológicas em mulheres com idade menor ou igual a 30 anos foi de 13,33% (4/30) e foi de 57,14% (28/49) em mulheres acima de 30 anos (p < 0,001).

Quanto à flora vaginal das mulheres analisadas neste estudo, constatou-se que 37,97% (n = 30) da população apresentaram flora com bacilos curtos, 30,38% (n = 24) apresentaram flora vaginal mista, em 24,05% (n = 19) foi observado flora sugestiva de Gardenerella vaginalis, em 3,80% (n = 3) as mulheres tiveram flora prevalente de bacilo de Doderlein, em 2,53% (n = 2) a flora vaginal encontrada foi escassa e em 1,27% (n = 1) foi encontrada Candida spp.

O exame molecular identificou que 11,4% (n = 9) das mulheres analisadas apresentavam infecção genital por HPV, no momento da coleta do exame. A presença de HPV foi observada nas proporções de 33,4% (n = 3) dos 21 aos 30 anos de idade, 22,2% (n = 2) nas mulheres abaixo dos 21 anos e dos 31 aos 40 anos de idade, e de 11,1% (n = 1), tanto na faixa de 41 aos 50 quanto na de 51 aos 60 anos de idade. Não foi identificado HPV em mulheres acima de 60 anos de idade, e também nas comunidades da Ilha do Capim e do rio Panacuera. Nas outras comunidades a frequência de HPV foi de 6% (n = 3) no rio Ajuai, de 20% (n = 1) no rio Paruru e de 33% (n = 5) no rio Tucumanduba.

A tabela 2 demonstra a classificação do exame citológico e a frequência de infecções por HPV, de acordo com as faixas etárias estudadas. O HPV foi identificado em 11,1% (5/45) das amostras com esfregaços inflamatórios, em 11,8% (2/17) das amostras com CEASI e em 13,3% (2/15) das amostras com esfregaços apresentando lesões intraepiteliais escamosas, sendo 7,7% (1/13) de LIEBG e 50% (1/2) de LIEAG. Analisando somente esfregaços inflamatórios, não foi identificada infecção por HPV em mulheres acima de 30 anos de idade e foi de 20% (5/25) a frequência de HPV em mulheres com idade menor ou igual a 30 anos (p = 0,0435).




( TABELA )



Dos nove casos positivos para HPV nas comunidades ribeirinhas estudadas, três (33,3%) demonstraram perfil de múltipla infecção, onde não foi possível a identificação do vírus pela metodologia utilizada neste estudo; cinco casos (55,5%) foram identificados com HPV de baixo ou risco indeterminado; e um caso (11,1%) foi identificado com HPV de alto risco oncogênico (Tabela 3).








A infecção por HPV foi identificada em 33,4% (5/15) das mulheres examinadas na comunidade de Tucumanduba, destacando-se da frequência de 6,2% (4/64), encontrada nas outras comunidades juntas (p = 0,0103). A frequência de HPV em mulheres acima de 30 anos de idade foi de 8,2% (4/49), não demonstrando diferença significativa (p = 0,2130) da frequência encontrada nas mulheres com idade igual ou inferior a 30 anos, que foi de 16,7% (5/30). Não houve relação da infecção por HPV com esfregaços inflamatórios nem com a presença de células atípicas no exame citológico (Tabela 4).








DISCUSSÃO

Devido à associação da infecção por HPV com o desenvolvimento do câncer de colo do útero14,23, torna-se importante detectar não só a infecção por este vírus, mas principalmente identificar os tipos com maior potencial oncogênico presentes na população feminina o mais cedo possível para um melhor prognóstico. A metodologia utilizada neste trabalho possibilitou a identificação de uma prevalência de 11,4% nas comunidades ribeirinhas analisadas. Estes achados estão de acordo com os da literatura7,14,24,25,26, que relata prevalência de 10% a 20% de HPV em populações urbanas. Resultado semelhante foi identificado no estudo de Brito et al27, com prevalência de 12,24% (6/49) de HPV em índias Parakanã da Amazônia brasileira. Por outro lado, países como a Espanha têm se destacado, pois desenvolveu políticas de saúde pública bem definidas, tendo identificado prevalência de apenas 3% da infecção por HPV em sua população feminina28.

A literatura28,29,30 relata que uma grande parte das mulheres, no início da vida sexual, entra em contato com este vírus, com a maioria das infecções regredindo espontaneamente em alguns anos, demonstrando um padrão de queda linear da prevalência do HPV com o aumento da idade em países onde a taxa do câncer de colo do útero é baixa. Neste estudo, a infecção por HPV foi associada às mulheres ribeirinhas com idade menor ou igual a 30 anos e que demonstraram esfregaços inflamatórios.

É importante também ressaltar que por ser transversal, este estudo não permite discriminar as infecções incidentes das infecções persistentes, no entanto, Rama et al14 sugerem que nas mulheres acima de 30 anos de idade a infecção pode ser persistente, e é indicado um acompanhamento médico mais cauteloso e um rastreamento contínuo para averiguar a persistência da infecção.

A comunidade do Tucumanduba apresentou significativamente uma maior taxa de infecção pelo vírus, frente às demais comunidades estudadas. Não foi investigado o motivo para a maior prevalência de HPV nesta comunidade ribeirinha frente às outras, mas a literatura24,25,31,13,32 relata a presença de fatores que podem estar associados ao maior risco de adquirira infecção por este vírus, como o número de parceiros, a idade do início da atividade sexual, a condição socioeconômica, a paridade, o tabagismo, entre outros.

Dentre os tipos de HPV encontrados neste estudo, verificou-se a existência de uma mulher de 18 anos de idade que possuía o tipo 58, considerado de alto risco oncogênico. Estudos realizados na Ásia e na América do Sul demonstram que este tipo de HPV é o terceiro mais prevalente, ficando atrás apenas dos tipos 16 e 18 na Coréia do Sul33 e dos tipos 16 e 33 no Japão34 e Chile35. No Brasil, os tipos de HPV mais prevalentes variam de acordo com a região estudada, sendo que em mulheres com lesões pré-neoplásicas e com câncer de colo uterino o HPV 16 foi o mais prevalente em estudo realizado em Goiânia36. O HPV tipo 58 foi o segundo mais prevalente, ficando atrás apenas do tipo 16 no Distrito Federal37 e foi o quarto mais encontrado em Recife38.

Vale ressaltar que a maioria dos trabalhos relatados na literatura identifica os tipos de HPV em demanda referenciada de mulheres que apresentam lesões no colo do útero, invasivas ou não, ou as que procuram os serviços de saúde para a realização do PCCU. Os tipos de HPV encontrados neste estudo não são originados de uma demanda que procura o serviço de saúde de forma rotineira e sim de uma população que não tem acesso fácil a este serviço, pelas dificuldades características das comunidades ribeirinhas da região e que foi previamente estimulada, de forma coletiva ou individualizada, na sua própria comunidade.

De acordo com a literatura9,39, a mulher com o tipo viral de alto risco oncogênico apresenta um maior risco de desenvolver o câncer de colo do útero, além de indiretamente, poder transmitir este tipo viral para outras mulheres. Um estudo aponta para uma diminuição linear do risco de infecção pelo HPV de alto risco com o aumento da idade40, corroborando o fato da única mulher encontrada com HPV de alto risco oncogênico, neste estudo, serde um grupo etário primário.

Ainda de acordo com a literatura41,42, existe associação entre as alterações citológicas e a detecção do HPV, pois embora cerca de 11% das mulheres com citologia normal apresentem HPV detectável, esta proporção pode atingir mais de 70% entre aquelas com exames alterados. Não foi encontrada associação entre os preventivos com células atípicas e a infecção por HPV. A presença do vírus foi encontrada em 7,7% dos casos de LIEBG e em apenas 50% dos casos de LIEAG. Este resultado é baixo, quando comparado com o trabalho realizado na Coréia do Sul2, onde o HPV foi identificado em 67,1% dos casos de LIEBG e em 84,2% dos casos de LIEAG. Esta baixa frequência de HPV em mulheres com exames alterados pode sugerir que outros fatores estejam mais relacionados ao desenvolvimento dessas lesões no colo do útero.

Quanto à metodologia molecular descrita por Nobre et al21, ela se mostrou eficiente na identificação do tipo de HPV, em amostras infectadas por apenas um tipo viral, pois com a ajuda do algoritmo proposto, foi possível identificar facilmente o tipo de HPV presente em quase 2/3 dos casos positivos. Neste sentido, esta metodologia tem importância no estudo epidemiológico dos tipos de HPV, pois não limita o conhecimento dos tipos virais presentes na população à disponibilidade dos oligonucleotídeos específicos no laboratório.

Por outro lado, algumas amostras positivas para o HPV não puderam ser genotipadas neste trabalho, pois a metodologia utilizada apresentou uma limitação na identificação dos tipos virais em amostras com múltipla infecção. Nestas amostras, o perfil de digestão enzimática é complexo para utilização do algoritmo de genotipagem proposto por Nobre et al21. Uma alternativa seria utilizar, em amostras com múltipla infecção, outras estratégias de genotipagem como o sequenciamento ou PCR com oligonucleotídeos específicos.

O conhecimento não só da frequência da infecção, mas também do tipo de HPV e o entendimento da epidemiologia da infecção genital por este vírus são degraus importantes na construção de estratégias de prevenção de doenças causadas por infecções sexualmente transmissíveis, como o câncer de colo do útero. A identificação de frequência semelhante às encontradas em populações urbanas e indígenas e a caracterização de HPV de alto risco nas comunidades ribeirinhas estudadas, assinala a importância de ações de prevenção de infecções e doenças sexualmente transmissíveis também voltadas para as mulheres ribeirinhas.



CONCLUSÃO

Neste estudo, identificou-se que a infecção por HPV nas comunidades ribeirinhas estudadas foi de 11,4%, onde foram identificados os tipos 6, 54a, 58, 72, 81, 102, além de infecções múltiplas. A frequência de infecção variou de 0% a 33,3%, por comunidade estudada, e foi significativamente maior na comunidade de Tucumanduba. A infecção por HPV mostrou-se associada às mulheres ribeirinhas com idade menor ou igual a 30 anos, cujos esfregaços foram inflamatórios.



REFERÊNCIAS

1 Noronha V, Mello W, Villa L, Brito A, Macedo R, Bisi F, et al. Papilomavírus humano associado a lesões de cérvice uterina. Rev Soc Bras Med Trop. 1999 maio-jun;32(3):235-40. DOI:10.1590/S0037-86821999000300003 [ Links ]
2 Villiers EM, Fauquet C, Broker TR, Bernard HU, Hausena HZ. Classification of papillomaviruses. Virology. 2004 Jun;324(1):17-27. DOI:10.1016/J.VIROL.2004.03.033 [ Links ]
3 Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia. Papilomavírus Humano (HPV): diagnóstico e tratamento, elaboração final: 11 de setembro de 2002. Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia; 2002.
4 Franco EL, Duarte-Franco E, Ferenczy A. Cervical cancer: epidemiology, prevention and the role of human papillomavirus infection. CMAJ. 2001 Apr;164(7):1017-25. [ Links ]
5 Freitas TP, Carmo BB, Paula FD, Rodrigues LF, Fernandes AP, Fernandes PA. Molecular detection of hpv 16 and 18 in cervical samples of patients from Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil. Rev Inst Med Trop Sao Paulo. 2007 Sep-Oct;49(5):297-301. [ Links ]
6 Rivoire WA, Capp E, Corletae HVE, Silva ISB. Bases biomoleculares da oncogênese cervical. Rev Bras de Cancerol. 2001 abr-jun;47(2):179-84. [ Links ]
7 Velázquez MN, Jiménez-Aranda LS, Sánchez-Alonso P, Santos-López G, Reyes LJ, Vallejo-Ruiz V. Human papillomavirus infection in women from Tlaxcala, Mexico. Braz J Microbiol. 2010 Oct;41(3):749-56. DOI:10.1590/S1517-83822010000300027 [ Links ]
8 Brown CR, Leon ML, Muríoz K, Fagioni A, Amador LG, Frain B, et al. Human papillomavirus infection and its association with cervical dysplasia in Ecuadorian women attending a private cancer screening clinic. Braz J Med Biol Res. 2009 Jul;42(7):629-36. [ Links ]
9 Torres LM, Páez M, Insaurralde A, Rodriguez MI, Castro A, Kasamatsu E. Detection of high risk human papillomavirus cervical infections by the hybrid capture in Asunción, Paraguay. Braz J Infect Dis. 2009 Jun;13(3):203-6. DOI:10.1590/S1413-86702009000300009 [ Links ]
10 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância de Câncer. Falando sobre câncer de colo do útero. Rio de Janeiro: INCA; 2002.
11 Bosch FX, Lorincz A, Muíoz N, Meijer CJ, Shah KV. The causal relation between human papillomavirus and cervical cancer. J Clin Pathol. 2002 Apr;55(4):244-65. [ Links ]
12 Koutsky LA, Galoway DA, Holmes KK. Epidemiology of genital human papillomavirus infection. Epidemiol Rev. 1988;10(1):122-63. [ Links ]
13 Nonnenmacher B, Breitenbach V, Villa LL, Prolla JC, Bozzetti MC. Identificação do papilomavírus humano por biologia molecular em mulheres assintomáticas. Rev Saude Publica. 2002;36(1):95-100. DOI:10.1590/S0034-89102002000100015 [ Links ]
14 Rama CH, Syrjânen K, Derchain SFM, Aldrighi JM, Gontijo RC, Sarian LOZ, et al. Prevalência do HPV em mulheres rastreadas para o câncer cervical. Rev Saude Publica. 2008;42(1):123-30. DOI:10.1590/S0034-89102008000100016 [ Links ]
15 Silva TT, Guimarães ML, Barbosa MIC, Pinheiro MFG, Maia AF. Identificação de tipos de papilomavírus e de outros fatores de risco para neoplasia intra-epitelial cervical. Rev Bras Ginecol Obst. 2006 maio;28(5):285-91.
16 Rosa MI, Medeiros LR, Rosa DD, Bozzeti MC, Silva FR, Silva BR. Papilomavírus humano e neoplasia cervical. Cad Saude Publica. 2009 maio;25(5):953-64. DOI:10.1590/S0102-311X2009000500002 [ Links ]
17 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância de Câncer. Estimativas 2008: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2007.
18 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades 2009. Rio de Janeiro: IBGE; 2009.
19 Manos MM, Ting Y, Wright DK, Lewis AJ, Broker TR, Wolinsky SM. Use of polymerase chain reaction amplification for the detection of genital human papillomaviruses. Cancer Cells. 1989;7:209-14.
20 Greer CE, Peterson SL, Kiviat NB, Manos MM. PCR amplification from paraffin-embedded tissues. Effects of fixative and fixation time. Am J Clin Pathol. 1991;95:117-24. [ Links ]
21 Nobre RJ, Almeida LP, Martins TC. Complete genotyping of mucosal human papillomavirus using a restriction fragment length polymorphism analysis and an original typing algorithm. J Clinic Virol. 2008 May;42(1):13-21. [ Links ]
22 Ayres M, Ayres Junior M, Ayres DL, Santos AA. 2007. BIOESTAT - 5.0. Aplicações estatísticas nas áreas das ciências bio-médicas. Belém: Ong Mamiraua; 2007.
23 Walboomers JMM, Jacobs MV, Manos MM, Bosch FX, Kummer JA, Shah KV, et al. Human papillomavirus is a necessary cause of invasive cervical cancer world wide. J Pathol. 1999 Sep;189(1):12-9. [ Links ]
24 Bauer HM, Ting Y, Greer CE, Chambers JC, Tashiro CJ, Chimera J, et al. Genital Human Papillomavirus Infection in Female University Students as Determined by a PCR-Based Method. JAMA. 1991 Jan;265(4):472-7. [ Links ]
25 Hildesheim A, Gravitt PE, Schiffman MH, Kurman RJ, Barnes W, Jones S, et al. Determinants of genital HPV infection in low-income women in Washington, DC. Sex Transm Dis. 1993 Sep-Oct;20(5):279-85. [ Links ]
26 Silva KC, Rosa MLG, Moyse N, Afonso LA, Oliveira LHS, Cavalcanti SMB. Risk factors associated with human papillomavirus infection in two populations from Rio de Janeiro, Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2009 Sep;104(6):885-91. DOI:10.1590/S0074-02762009000600011 [ Links ]
27 Brito EB, Martins SJ, Menezes RC. Human papillomaviruses in Amerindian women from Brazilian Amazonia. Epidemiol Infect. 2002 Jun;128(3):485-9. [ Links ]
28 Sanjose S, Almirall R, Lloveras B, Font R, Diaz M, Muroz N, et al. Cervical human papillomavirus infection in the female population in Barcelona, Spain. Sex Transm Dis. 2003 Oct;30(10):788-93. [ Links ]
29 Josefsson AM, Magnusson PK, Ylitalo N, Sorensen P, Qwarforth-Tubbin P, Andersen PK, et al. Viral load of human papilloma virus 16 as a determinant for development of cervical carcinoma in situ: a nested casecontrol study. Lancet. 2000 Jun;355(9222):2189-93. [ Links ]
30 Oh K, Ju H, Franceschi S, Quint W, Shin H. Acquisition of new infection and clearance of type-specific human papillomavirus infections in female students in Busan, South Korea: a follow-up study. BMC Infect Dis. 2008;8(13):1-6. [ Links ]
31 Eluf-Neto J, Nascimento CM. Cervical cancer in Latin America. Semin Oncol. 2001 Apr;28(2):188-97. [ Links ]
32 Schiffmann MH, Brinton LA. The epidemiology of cervical carcinogenesis. Cancer. 1995 Nov;76(10 Suppl):1888-901. [ Links ]
33 Bae JH, Lee SJ, Kim CJ, Hur SY, Park YG, Lee WC. Human papillomavirus (HPV) type distribution in Korean women: a meta-Analysis. J Microbiol Biotechnol. 2008 Apr;18(4):788-94. [ Links ]
34 Asato T, Maehama T, Nagai Y, Kanazawa K, Uezato H, Kariva K. A large case-control study of cervical cancer risk associated with human papillomavirus infection in Japan, by nucleotide sequencing-based genotyping. J Infect Dis. 2004 May;189(10):1829-32. [ Links ]
35 Melo A, Montenegro S, Hooper T, Capurro I, Roa JC, Roa I. Tipificación del virus papiloma humano (VPH) en lesiones preneoplásicas y carcinoma del cuello uterino en mujeres de la IX Región-Chile. Rev Med Chile. 2003;131(12):1382-90. DOI:10.4067/S0034-98872003001200004 [ Links ]
36 Rabelo-Santos SH, Zeferino L, Villa LL, Sobrinho JP, Amaral RG, Magalhães AV. Human papillomavirus prevalence among women with cervical intraepithelial neoplasia III and invasive cervical cancer from Goiânia, Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2003 Mar;98(2):181-4. DOI:10.1590/S0074-02762003000200003 [ Links ]
37 Camara GNL, Cerqueira DM, Oliveira APG, Silva EO, Carvalho LGS, Martins CRF. Prevalence of human papillomavirus types in women with pre-neoplastic and neoplastic cervical lesions in the Federal District of Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2003 Oct;98(7):879-83. [ Links ]
38 Lorenzato F, Ho L, Terry G, Singer A, Santos LC, Lucena BR, et al. The use of human papillomavirus typing in detection of cervical neoplasia in Recife (Brazil). Intern J Gynecol Cancer. 2000 Mar;10(2):143-50. [ Links ]
39 Brestovac B, Harnett GB, Smith DW, Frost F, Shellam GR. Multiplex nested PCR (MNP) assay for the detection of 15 high risk genotypes of human papillomavirus. J Clin Virol. 2005 Jun;33(2):116- 22. DOI:10.1016/J.JCV.2004.10.011 [ Links ]
40 Matos E, Loria D, Amestoy GM, Herrera L, Prince MA, Moreno J, et al. Prevalence of human papillomavirus infection among women in Concórdia, Argentina: a population-based study. Sex Transm Dis. 2003 Aug;30(8):593-9. [ Links ]
41 Giuliano AR, Papenfuss MR, Denman CA, Zapien JG, Abrahamsen M, Hunter JB. Human papillomavirus prevalence at the USA- Mexico Borderamong women 40 years of age and older. Int J STD AIDS. 2005 Mar;16(3):247-51. [ Links ]
42 Herrero R, Hildesheim A, Bratti C, Sherman ME, Hutchinson M, Morales J, et al. Population based study of hpv infection and cervical neoplasia in rural Costa Rica. J Natl Cancer Inst. 2000 Mar;92(6):464-74. [ Links ]




Correspondência / Correspondence/ Correspondencia:
Maísa Silva de Sousa
Laboratório de Biologia Molecular e Celular,
Núcleo de Medicina Tropical,
Universidade Federal do Pará
Av Generalíssimo Deodoro.
Bairro: Umarizal
CEP:66055-240
Belém-Pará-Brasi
Tel./Fax: (91)3241-4681
E-mail:maisasousa@ufpa.br

Recebido em / Received / Recibido en: 11/6/2010
Aceito

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

ENCONTRO PAN-AMAZÔNICO: SABERES ANCESTRAIS, POVOS E VIDA PLENA EM HARMONIA COM A FLORESTA ( POR BLOG DO COMBATE AO RACISMO AMBIENTAL )


( Por racismoambiental, 08/08/2011 13:02)
1ShareDe 15 a 18 de agosto de 2011 - (Hotel Taj Mahal, Manaus, Brasil)


Há muito tempo se passou dos limites do perigo. Os gases poluentes na atmosfera, gerando o aquecimento global e os graves impactos de desastres ambientais à saúde humana, cultural, agrícola, econômica, estão cada vez mais incontroláveis e esse processo é irreversível.

Vivemos em tempos sombrios de crise climática global e profunda agressão que faz parte da maior crise de uma civilização baseada no individualismo e do consumismo desenfreado, na mercantilização e privatização de tudo, e na arrogância irresponsável de “dominação” da natureza, esquecendo que somos apenas uma pequena parte dela.

Com o objetivo de construir uma alternativa para a Floresta a e todas as formas de vida no planeta, os Povos Indígenas da Amazônia, através do encontro entre os líderes das organizações indígenas dos nove países amazônicos travam um diálogo com os movimentos ambientalistas, instituições sociais e internacionais, respeitando a diversidade de abordagens nessa luta em defesa do meio ambiente.
Assim, a COICA – Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica, em parceria com a COIAB – Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira realizam o “Grande Encontro Pan-Amazônico: Saberes Ancestrais, Povos e Vida plena em harmonia com a Floresta”, a ser realizado na cidade de Manaus, no período de 15 a 18 de Agosto de 2011, com a participação de mais de 100 lideranças indígenas, através de 10 representantes locais e regionais de cada um das nove confederações nacionais dos povos indígenas da Amazônia: Brasil (COIAB), Peru (AIDESEP), Bolívia (CIDOB), Colômbia (OPIAC), Equador (CONFENIAE), Venezuela (ORPIA), Guiana (APA) Suriname (OIS) e da Guiana Francesa (FOAG).

Esse Grande Encontro irá tomar decisões estratégicas sobre temas relacionados à Amazônia e para toda a humanidade, debatendo propostas das lideranças indígenas e representantes do sistema das Nações Unidas, europeus e sul-americanos, os bancos multilaterais, ambientalistas e movimentos sociais, nas escolhas de ações específicas sobre os processos globais, tais como:

• Processos para Redd + (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação): FCPF UNREDD, FIP e mecanismos de subvenção para os Povos Indígenas, Cooperação Global REDD;

• COP 17 Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima das Nações Unidas (Durban, Novembro 2011);

• Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio + 20 (Brasil, junho 2012);

• Conferência das Partes, a Convenção COP 11 sobre Diversidade Biológica (Coréia, outubro de 2012);

• Congresso Mundial de Conservação da IUCN (Índia, setembro de 2012)

Povos Indígenas da Amazônia, caminhando na trilha de nossos antepassados, nós nos encontraremos em Manaus para fortalecer a unidade e a esperança para as Florestas e para a Vida de todo o planeta.

http://www.coiab.com.br/coiab.php?dest=show&back=noticia&id=751&tipo=N&pagina=1



Combate ao Racismo Ambiental
“Chamamos de Racismo Ambiental às injustiças sociais e ambientais que recaem de forma implacável sobre grupos étnicos vulnerabilizados e outras comunidades, discriminadas por sua origem ou cor”.

Últimas Notícias
México: Indígenas de Cherán completam quatro meses de resistência contra madeireiros
Direito das futuras gerações e direito da natureza, violados por Belo Monte
Fundação Palmares aniversaria e discute cultura como veículo de erradicação da miséria
Semana do Trabalhador Humanitário exibe documentário sobre o brasileiro Sérgio Vieira de Mello
Google Street chega a comunidades da Amazônia
ES: Deputado Freitas retoma defesa da derrubada de decreto quilombola
A capital das margaridas
Desmate cresce 16% na Amazônia
MPF pede paralisação das obras de Belo Monte para evitar remoção de índios e discute “direito da natureza”
Imperdível: Fala indignada de senhor Negro à BBC de Londres
FAO discutirá ações concretas para o Chifre da África
Ministra lança caravana nacional de direitos humanos
RS: Entidades ambientalistas defendem plebiscito sobre Código Florestal
Dia 20, sábado: Mobilização global contra Belo Monte
Raposa Serra do Sol: audiência reabre debate sobre demarcação
Voe e lute conosco !
Boletim Combate

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

13ª EDIÇÃO DAS JORNADAS ANDINAS DE LITERATURA

( NA PRÓXIMA SEMANA ESTE BLOG DIVULGARÁ AS RESOLUÇÕES )

13ª edição das Jornadas Andinas de Literatura
Latino-Americana de Estudantes
Lima, 9 a 13 de agosto, 2011
Data e local da realização:
9 a 13 de agosto de 2011, Casa da Literatura Peruana.
Convocação:
A Rede Literária Peruana com a Pontificia Universidad Católica del Perú, a Universidad Nacional Federico Villarreal e a Universidad Nacional Mayor de San Marcos têm o prazer de sediar a 13ª edição das Jornadas Andinas de Literatura Latino-Americanas de Estudantes. Conhecido como JALLA-E, o encontro de latino-americanistas transformou-se em um dos mais importantes encontros da área de estudos de literatura e cultura no continente para estudantes da América Latina.
Como um espaço privilegiado de debate e reflexão sobre o continente, o JALLA-E, ampliou o seu foco inicial, voltado para questões andinas, e transformou-se em um verdadeiro encontro de latino-americanistas de diferentes latitudes.
A realização do JALLA-E 2011 no Peru reitera a maturidade da proposta inicial e consolida a importância do JALLA-E no Continente.
Comitê científico:
• Agustín Prado Alvarado (Casa da Literatura Peruana)
• Américo Mendoza Mori (M.A., University of Miami)
• Daniel Salas (Ph.D., University of Colorado at Boulder; Centrum, Pontificia Universidad Católica del Perú)
• George Yúdice (Ph.D., Princeton University; University of Miami)
• María Pía Sirvent (Dra., Universidad Complutense de Madrid; Universidad Científica del Sur)
• Rocío Quispe-Agnoli (Ph.D., Brown University; Michigan State University)
Áreas temáticas:
O congresso tratará dos seguintes temas:
Literatura e tradição
• Tradições indígenas
• Discursos míticos
• Identidades coloniais
• Século 19: intelectuais e modernidade
• Literatura regionalista
• Indigenismos
• Boom e pós-boom
• Memória e discursos durante as ditaduras (século XX)
• Depoimento na América Latina
• Pós-discursividade: Nação e identidade no século 21
• Cinema como um discurso literário na América Latina
Nação e identidades
• Espanhol e português nas Américas
• Raça e colonialidade nas Literaturas da América Latina
• Negritude e os discursos raciais afro-latino-americanos
• Estudos de Gênero: o corpo masculino e feminino
• Biopolítica
• Espaços rurais e urbanos
Limites de reflexão da América Latina? (eixo temático principal)
• Literária latino-americana e teoria crítica: estudos de gênero e queer; literatura comparada e teoria latino-americana
• A tarefa da crítica literária: novas alternativas para a crítica da América Latina no século 21?
• Ensaio da América Latina como crítica do discurso: o papel do ensaio literário, boletins e manifestos nos séculos 19 e 20
Envío de propostas:
Serão aceitas propostas de mesas coordenadas e comunicações individuais sobre as áreas temáticas do congresso. Todas as modalidades serão analisadas pelo comitê científico que terá a responsabilidade de alocar as comunicações aceitas em mesas temáticas ou em simpósios aprovados.
Propostas de uma página (espaço simples) podem ser encaminhadas a jallae@literatura.pe áte 1 de maio de 2011.
Cada proposta deve incluir o título da conferência e um resumo de 500 palavras; o nome completo do/da conferencista; vinculação acadêmica; endereço; telefone e e-mail.
Aceitaremos resumos e trabalhos em qualquer língua indígena das Américas; ou em português, espanhol ou francês. As decisões serão anunciadas até 15 de maio de 2011.
Apresentação:
Cada participante terá 20 minutos para apresentar seu trabalho. A extensão sugerida é de 8 páginas, espaço duplo, Times New Roman n. 12. Favor comunicar qualquer necessidade de recursos multimídia após a aceitação oficial do comitê científico.
Taxas de inscricão para apresentadores:
Universidades da América Latina: US$ 20
Universidades dos EUA, Canadá e Europa: US$ 40
O pagamento da inscrição deve ser feito com antecedência (prazo: 3 de agosto de 2011). Aceitamos depósitos bancários ou pagamentos via PayPal (para mais detalhes, verifique o Formulário de Inscrição).
Participação:
O ingreso a JALLA-E é grátis.
Cronograma Geral, datas importantes:
2011/05/01: prazo para o envio de propostas
2011/05/15: notificação do comitê científico
2011/08/03: prazo para o pagamento

terça-feira, 16 de agosto de 2011

REVISTA ESTUDOS DE LITERATURA COLOMBIANA

Notícia : Publicación de la Universidad de Antioquia

Novo número da Revista Estudos de Literatura Colombiana
15/03/2011

Se encontra em circulação o número 27 da Revista Estudos de Literatura Colombiana da Faculdade de Comunicações da Universidade de Antioquia.




--------------------------------------------------------------------------------


--------------------------------------------------------------------------------

Estudos de Literatura Colombiana é uma publicação periódica semestral, editada pela Maestria em Literatura Colombiana da Universidade de Antioquia, que tem como objetivo fundamental divulgar artigos, avanços e relatórios de investigação, notas, resumos e dados bibliográficos sobre literatura colombiana, de professores e estudantes da Maestria, e de pesquisadores nacionais e internacionais.

Nesta edição se encontram artigos como:



•Mito e Espanha. De Pablo Montoya Campuzano.
•Sonhos de outro mundo: arte, modernidade e dinheiro em José Asunción Silva. De Daniel Jerónimo Tobón Giraldo.
•Eduardo Caballero Calderón: panorâmica de sua obra ensayística. De Claudia Acevedo Gaviria.
•Ficção e história: a semente da independência na novela histórica de Germán Espinosa. De Manuel Silva Rodríguez. Entre outros.

Adicionalmente conta com três artigos fruto do II Colóquio Nacional de História da Literatura Colombiana realizado em outubro de 2010:


•Os conceitos de literatura infantil e juvenil, sua periodización e cânon como problemas da literatura colombiana.
•Modernidade em Colômbia: proposta histórico-metodológica para o estabelecimento do campo da novela Colômbia.
•Uma leitura da novela Cosme de José Félix Fuenmayor. Anotações para uma edição crítica.


Sobre a Revista
A Maestria em Literatura Colombiana, da Universidade de Antioquia, criou um órgão de difusão, Estudos de Literatura Colombiana, revista fundada em 1997 por Luis Iván Bedoya, Óscar Castro García, Augusto Escobar Mesa, Luis Femando Macías e Consolo Posada Giraldo; primeiro diretor (números 1 -2): Óscar cASTRO gARCIA.

domingo, 14 de agosto de 2011

JAVIER DEL GRANADO: POETA BOLIVIANO É PARTE DA HISTÓRIA DE SEU PAÍS




Embora poucos conheçam sobre a literatura da Bolívia, existem figuras representativas desse meio artístico.


Como Javier del Granado y Granado (27/02/13—15/05/96) foi um poeta laureado e filho predileto da Bolívia.


Nascido em uma família aristocrata de rica linhagem literária, ele passou a maior parte de sua juventude na fazenda colonial da família perto de Arani, no departamento de Cochabamba, Colpa-Ciacu, um patrimônio do século XVI e que outrora serviu de convento.



Suas obras foram em muito influenciadas pelo seu contato com a natureza e a vida tranqüila no interior, combinando ambientação épica e crônica histórica com temas rurais e indígenas e o uso, além do espanhol, de idiomas indígenas, principalmente o Quechua (a língua dos incas).



Seu vasto trabalho literário, de inspiração nativa, com cultivo de formas métricas tradicionais, como o soneto e a balada, já foi comparado à obra do notável acadêmico das letras mexicano, Alfonso Reyes.


O poeta-mestre boliviano alcançou amplo reconhecimento, e recebeu grande número de prêmios nacionais e internacionais no decorrer de uma carreira que ultrapassou meio século.



Seu falecimento foi marcado por três dias de luto nacional, e seu cortejo fúnebre foi uma solenidade de estado. Em sua memória, a Bolívia consagrou duas avenidas e uma praça, ergueu um monumento, além de lançar um selo comemorativo em sua homenagem.

( Fonte: Bolívia Cultural )

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

XIV CONFERÊNCIA IBEROAMERICANA DE CULTURA

XIV Conferencia Iberoamericana de Cultura
Asunción, Paraguay, 2 de agosto de 2011
Declaración de Asunción

La XIV Conferencia Iberoamericana de Cultura, realizada en Asunción el día 2 de agosto, en el marco de la XXI Cumbre de Jefes de Estado y de Gobierno, declara:

Que el lema de la XXI Cumbre de Jefes de Estado y de Gobierno “Transformación del Estado y Desarrollo”, a llevarse a cabo en la ciudad de Asunción los días 28 y 29 de octubre del corriente año, implica contar con la estructura institucional adecuada para la proyección de políticas públicas culturales, con suficientes presupuestos entendidos como una inversión sustantiva para el desarrollo.

Acuerda:

Retomar el compromiso señalado en la declaración de la X Conferencia Iberoamericana de Cultura – Valparaíso, Chile, 2007, de realizar los esfuerzos necesarios para lograr efectivamente la asignación a las políticas culturales de al menos el 1% del presupuesto general de cada Estado.

Reconocer, valorar y reafirmar el compromiso de nuestros países con los Programas Cumbre de Cooperación Cultural coordinados por la SEGIB; IBERARCHIVOS (ADAI), IBERESCENA, IBERMEDIA, IBERMUSEOS, IBERORQUESTAS Juveniles, IBERRUTAS, Red de Archivos Diplomáticos Iberoamericanos (RADI) y Televisión Educativa Iberoamericana (TEIB), y saludar la nueva orientación de la propuesta del Programa Cumbre IBERBIBLIOTECAS y de su fondo financiero que permitirá apoyar la gestión de los gobiernos nacionales, regionales y locales para hacer de las bibliotecas públicas y populares modernos centros de gestión en saber, información, cultura y conocimiento.

Instar a los países adherentes al Programa IBERRUTAS a conformar el Comité Intergubernamental para su efectiva puesta en marcha.

Valorar el desarrollo de la agenda para el fomento de las Músicas Iberoamericanas (IBERMUSICAS) y estimular la adhesión de los países a la propuesta del Programa, durante el año en curso, para su pronta puesta en marcha y expresar nuestro beneplácito por el lugar prioritario concedido al Fondo para el Desarrollo de las Músicas Iberoamericanas por la Fundación del BID.

Celebrar la adhesión del Paraguay al Programa Cumbre IBERMEDIA, que fortalece el circuito del cine y el audiovisual en el espacio iberoamericano.

Apoyar la continuidad de los programas de cooperación cultural de la OEI, especialmente el ACERCA en colaboración con la AECID, el Programa de Educación Artística, Cultura y Ciudadanía y el Programa de Movilidad para Profesionales Iberoamericanos de Cultura.

Alentar la continuidad de las tres nuevas líneas de trabajo de la SEGIB (Diplomacia Cultural; Cultura y Cohesión Social y Pymes e Industrias Culturales) que se vienen desarrollando con el respaldo de los Ministerios de Cultura, de la OEI y de otros organismos regionales.

Solicitar a la SEGIB, en coordinación con los Responsables de Cooperación y a los Coordinadores Nacionales, que continúe con la labor de seguimiento y perfeccionamiento de los programas de cooperación cultural, enfatizando la aplicación de cuotas diferenciadas; la adhesión de más países; la búsqueda de fuentes alternas de financiación, la profesionalización de las unidades técnicas y la transformación de los modelos de gestión según las necesidades y parámetros vigentes en el nuevo Manual para la Cooperación Iberoamericana aprobado en la XX Cumbre Iberoamericana de Mar del Plata, Argentina, en 2010.

Impulsar, en el marco de desarrollo de la Carta Cultural Iberoamericana, las actuaciones de cada país, tanto en los ámbitos regionales como multilaterales para el fortalecimiento del Espacio Cultural Iberoamericano.

Ratificar los acuerdos de la reunión de Bogotá del 6 y 7 de julio del año en curso, con el compromiso de seguir trabajando juntos en un documento que desarrolle las finalidades en él establecidas y los programas específicos prioritarios y aprobar el calendario de trabajo propuesto para su validación en la XV Conferencia Iberoamericana de Cultura.

Definir las líneas de acción necesarias para impulsar programas de fomento a la lectura que incorporen las nuevas tecnologías, así como apoyar la experiencia y la propuesta presentada por México para establecer criterios de selección, adquisición y preservación de las grandes bibliotecas personales o colecciones privadas, que hayan contribuido al desarrollo intelectual y científico.

Saludar los esfuerzos realizados por España para la próxima puesta en Marcha del Centro Iberoamericano de Lenguas y Culturas Indígenas, como nuevo espacio de investigación académica orientado a su estudio y debate, en el sentido más amplio, para la formulación de políticas públicas culturales.

Agradecer la iniciativa de Costa Rica que, junto con la OEI, la AECID y los Ministerios de Cultura de los países centroamericanos y caribeños están realizando para desarrollar y fortalecer el Corredor Cultural del Caribe, como legado pluricultural de los pueblos del litoral Caribe centroamericano y República Dominicana, promover su ampliación, contribuir a la integración y al desarrollo socioeconómico y cultural de la región y destacar la importancia de la presencia afrodescendiente. Saludar el inicio de las actividades en el marco del Festival Internacional de las Artes, en Costa Rica en marzo de 2012.

Apoyar a la República Argentina en la realización del IV Congreso Iberoamericano de Cultura, en Mar del Plata del 15 al 17 de septiembre, con el tema “Cultura, Política y Participación Popular” y celebrar su próxima edición que se llevará a cabo en España en 2012.

Respaldar el proyecto de fortalecimiento de las Lenguas de Iberoamérica en la educación impulsado por la OEI, tanto en lo que se refiere a la elaboración de guiones, de cortos cinematográficos y de bitácoras lectoras, como al fortalecimiento de todas las lenguas de Iberoamérica y a la participación en el Congreso de las Lenguas que se celebrará del 5 al 7 de septiembre de 2012 en Salamanca, España.

Tomar nota de la invitación de México para participar en la I Bienal Continental de Arte Indígena Contemporáneo a celebrarse en la capital de ese país en el año 2012.

Valorar los avances del Proyecto “Centro Cultural Iberoamericano Capilla del Hombre” sobre el legado patrimonial del Maestro Oswaldo Guayasamín en Quito – Ecuador y saludar la constitución del Fondo multilateral extrapresupuestario gestionado por la OEI, con el aporte Semilla del Ecuador y el compromiso de buscar mecanismos de financiamiento para el desarrollo del proyecto; así como destacar la conformación del Comité Técnico Intergubernamental y la realización de tres Foros Regionales que enriquezcan el debate sobre el patrimonio cultural iberoamericano. Emprender las acciones necesarias en coordinación con la SEGIB, la OEI y demás Organismos para facilitar la circulación de Bienes y Servicios Culturales y la apropiación social del patrimonio en el espacio iberoamericano.

Saludar la realización del Foro Internacional “Ideas del Bicentenario” en Asunción, Paraguay, el 3 y 4 de agosto de 2011.

Instar a la SEGIB para la puesta en marcha de la Red Iberoamericana de Preservación del Patrimonio Sonoro en la región, en concordancia con los Programas Cumbre y agradecer la asistencia técnica ofrecida por México.

Impulsar el Programa de Cooperación TEIB para que en su nueva plataforma WEB-TV desarrolle un canal especializado en la emisión de eventos culturales iberoamericanos en el que se incluyan las iniciativas acordadas en esta Conferencia, en especial las relativas al Corredor Cultural del Caribe, los Congresos de las Comunidades Afrodescendientes y el Congreso de las Lenguas de Iberoamérica.

Destacar el esfuerzo que la OEI y la SEGIB están realizando para organizar, junto con los Ministerios de Cultura de Colombia y del Brasil, así como con otras instituciones públicas y privadas, dos importantes Congresos sobre la historia, la vida, la cultura y las instituciones de los afrodescendientes, los días 23 a 25 de agosto en Cali, Colombia; y los días 17 al 19 de noviembre en Salvador de Bahía, Brasil, que contribuirán a la participación activa de las poblaciones afrodescendientes en el desarrollo cultural y socioeconómico de sus países.

Solicitar a la SEGIB que, en seguimiento de la Declaración de México resultante del V Encuentro Iberoamericano de Museos, impulse con la UNESCO el debate sobre la posibilidad de crear un instrumento normativo internacional en relación al patrimonio museológico.

Reconocer la participación de la Fundación Interamericana de Cultura y Desarrollo del BID y brindar el apoyo institucional a los siguientes proyectos: Atlas de Infraestructura y Patrimonio Cultural de las Américas, integración de un fondo para financiar a PYMES Culturales, y la integración del fondo para el apoyo de estudios profesionales de jóvenes creadores y promotores culturales.

Saludar la celebración de los 40 años del Centro Regional para el Fomento del Libro en América Latina y el Caribe CERLALC, que ha servido a la región como un actor fundamental en la promoción de la lectura y de las bibliotecas, la creación intelectual, la producción editorial y la defensa de los derechos de los autores.

Celebrar el inicio de una década de actividades a favor de la protección y promoción del patrimonio museológico en conmemoración del 40 aniversario de la Mesa Redonda de Santiago (Chile, 1972) que reafirma el papel social y educativo de los museos.

Agradecer a la Comisión Relatora y a su coordinador, el Ministro de Cultura de Costa Rica, por el trabajo realizado para esta Declaración.

Agradecer a la Secretaría Nacional de Cultura del Paraguay, a la OEI y a la SEGIB la organización de esta Conferencia y congratular a la República del Paraguay por la celebración de su Bicentenario de Independencia Nacional.

Dada en Asunción, República del Paraguay, a los dos días del mes de agosto de dos mil once.

Versión PDF





quarta-feira, 10 de agosto de 2011

ROA BASTOS, A COMUNIDADE ANDINA E A PAN-AMAZÔNIA: O DISCURSO PLURIÉTNICO DA LITERATURA

DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DE AUGUSTO ROA BASTOS NA SESSÃO DE OUTORGA DO TÍTULO DE DR. HONORIS CAUSA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ( in memoriam)





Magnífico Sr. Reitor Lúcio José Botelho, autoridades presentes, conselheiros, diretores de Centros, professores, estudantes e demais ouvintes,

Prezado amigo Carlos Roa, a quem agradeço por ter vindo representar seu pai,









Nuestra alma es idéntica a nuestra imagen.

Nuestra cara, nuestra oreja, nuestras piernas,

Nuestros brazos. Toda nuestra imagen.

Está en medio de nosotros nuestra verdadera alma.

Se encuentra en el medio.







As palavras do informante do grupo indígena paraguaio Nivakle ensinam como o ser humano nunca deixou de criar imagens e ver-se como imagem de suas criações. Enquanto houver ser humano haverá representação e isto está no bojo de qualquer cultura, seja esta poesia cantada, escrita, dançada ou desenhada em códigos aparentemente indecifráveis, haverá sempre alguma solidariedade a ser descoberta através da arte. A lástima é que tenhamos sofrido com as hierarquias entre culturas diferentes, entre territórios, entre seres humanos, desde a colonização.

No início do século XX, o peruano Luis Alberto Sánchez, em visita forçada a Assunção, se refere à "incógnita do Paraguai", aludindo a um vazio cultural existente. Esta visão perpassa muitos discursos de intelectuais latino-americanos que acabam identificando um "atraso" no sistema cultural paraguaio relativamente a outros países. Entretanto, mais que ignorância, isto revela um preconceito, pois um país bilíngüe em quase 90% da população com uma guaranização do castelhano e uma castelhanização do guarani exige novas categorias e ferramentas para a leitura do campo cultural a partir da inclusão de práticas de oralidade.



Como escritor, Augusto Roa Bastos, soube extrair dessa realidade híbrida e multifacetada, em termos culturais, um relato em que a experiência histórica carrega uma marca da subjetividade e de uma visão mítica, mesclando em seus romances desde Hijo del hombre (1960); Yo el Supremo (1974); Vigilia del Almirante (1992); El fiscal (1993); Madame Sui (1996) diversos gêneros literários se abrem como um leque ao leitor, passando da biografia, ao ensaio e da autobiografia ao testemunho para transformar a literatura num caleidoscópio em que estes discursos se cruzam de modo circular com o uso da simultaneidade temporal que traz à baila a marca da violência. A quem diga que a história da América Latina é uma história de violência e Roa Bastos apresenta, em grande parte de seus textos, a lucidez de quem captou o trauma cultural bélico, seja através da memória da guerra mais violenta do continente americano no século XIX: a guerra Grande, responsável por dizimar mais da metade da população masculina do país e chamada no Brasil de Guerra do Paraguai (1864-1870) e na Argentina e Uruguai como a Guerra da Tríplice Aliança. Outro conflito, a Guerra do Chaco entre o Paraguai e a Bolívia de1932 a 1935, foi vivenciada por Roa Bastos entre os jovens combatentes por ter nascido em 1917.

Pode-se entender por que o elemento épico nunca se dissociou da biografia de Roa Bastos. Desde sua juventude, inicialmente pelas guerras em que participou como militar, jornalista ou depois na luta interna em seu país como militante contra um regime de exceção que, em 1947, lhe obriga a exilar-se para não morrer como muitos de seus companheiros de geração.

Sem a pretensão de abranger todo o universo da produção roabastiana, vale relembrar que se tornou um nome respeitável no panorama cultural latino-americano, além de escritor consagrado na literatura em língua espanhola por sua capacidade de crítica, e engajamento e autocrítica, posturas consideradas até certo ponto anacrônicas no contexto do século XXI.

Na América do Sul como parte da geração do “boom”, de fins dos anos 50 aos 70 desenvolveu uma escritura transculturadora como a do brasileiro João Guimarães Rosa, do peruano José María Arguedas; Garcia Márquez e Juan Rulfo. Como um dos gestores da novelística em tempos de Guerra Fria e das ditaduras experimentou o monoteísmo do poder na trilogia composta por Hijo del hombre e Yo el Supremo e El fiscal – eixo temático de sua narrativa, segundo palavras suas. Em Hijo de Hombre, primeiro romance trata de um percurso mítico pela história paraguaia através de um jogo simbólico com o cristianismo; Yo el supremo, o segundo trata da ditadura de Gaspar Rodríguez Francia – conhecido como “Doutor Francia” – que governou o país quando da independência da coroa espanhola - 1814 a 1840 mesclando subjetividades num Yo plural que engloba o próprio ser que escreve.

El fiscal, o terceiro romance da trilogia, relaciona dois tempos em dois espaços: o sujeito diaspórico Félix Moral que vive na França em viagem camuflada de retorno, sob a ditadura de Stroessner no século XX. E a memória de outro período autoritário (entre 1850 a 1870) entre focos que se superpõem com o governo de Solano Lopes, cujo delírio leva o país à Guerra do Paraguai. Ao final há uma constelação de sentidos na redundância do espetáculo de sacrifício que reúne o exilado à cena de morte de Solano Lopez que renarra parodicamente o martírio da crucificação.



Estes romances estão traduzidos em diversas línguas, e alguns deles receberam mais de uma versão em uma única língua. Ainda há muito que traduzir de sua obra para o português. Sua última vinda ao Brasil foi para o lançamento de um de seus últimos livros mais consagrados - Vigilia del Almirante (1992) – editado em português pela Mirabília, lançado no ano de celebração do Quinto Centenário da Descoberta da América. Roa Bastos também é autor do roteiro cinematográfico de El trueno entre las hojas (1958) entre outros. Tarefa árdua a de resumir em pouco tempo essa rica trajetória como romancista, contista, autor de roteiros. Por isso apenas esbocei i alguns temas nesse breve panorama, para dizer que foram poucos os escritores latino-americanos que conseguiram em sua escritura dar conta da pluralidade lingüística e cultural, da oralidade escrita e da escritura em forma oral que o bilingüismo realiza. Também a transculturação ocorrida como marca da colonização surge para romper o equilíbrio e a linearidade da narrativa exigindo um leitor atento e maduro para observar o sentido das marcas de ocultamentos, das tantas mortes culturais sofridas historicamente pela violência de imposições externas e internas.



Por isso quando encontro o conceito de Walter Mignolo de que para entender os conflitos sociais na América Latina seria necessário perceber a raça como uma categoria mais importante do que a de classe, entendo a perspicácia de Roa Bastos em sua defesa das culturas indígenas. A discussão sobre a crise no Equador e na Bolívia no ano de 2005 suscita uma revisão dessas categorias e nos permitem repensar que a classe se relaciona como categoria à história européia, mas etnia, conseqüência direta da colonização do século XVI, para a América Latina , segundo a concepção de Aníbal Quijano, está no bojo das relações entre cristãos que reivindicavam sua superioridade em relação a religiões inferiores como a dos muçulmanos e judeus e às não-religiões dos indígenas e africanos. Como não deixar de apontar a Augusto Roa Bastos como uma referência precoce com a organização da obra Las culturas condenadas, em 1978, ao denunciar o etnocídio das culturas indígenas?

Nesta obra se desbravam a mitologia, relatos e poemas das dezoito tribos paraguaias para mostrar como a "raça superior'" dos brancos e cristãos europeus, matriz do poder e de racismo, hierarquizou os seres humanos não brancos e europeus. Como intelectual Roa apresenta inúmeras pesquisas sobre a riqueza deste patrimônio imaterial que são as culturas indígenas em seu país.



O foco de Roa Bastos ao apresentar a cultura dos sobreviventes é a demonstração de que é a humanidade quem perde com o extermínio que continua sendo diário, segundo ele:

" não pode ser compreendida em toda a sua significação mas em um marco global de nossas sociedades baseadas no regime de opressão e espoliação dos estratos humanos que elas consideram "inferiores"; seu resultado é um processo de extinção destas comunidades. A tentativa de "civilizar" o índio terminam por exterminá-lo."

Sua vida no exílio não o afastou da problemática regional. Ninguém como Roa Bastos se engajou mais na integração regional da cultura dos países do Cone Sul ao propor uma discussão bilateral sobre a questão dos “brasilguaios”, em 1995. Graças a esforços desse intelectual orgânico, bem como unidos a movimentos fronteiriços, hoje proliferam as cooperativas que reúnem ambas as nacionalidades em solo paraguaio.

As palavras de Roa Bastos podem servir não somente aos paraguaios, a bolivianos, aos equatorianos ou aos peruanos, mas também a nós que temos quase duzentas línguas indígenas e portanto culturas, praticamente desconhecidas em território brasileiro. A leitura de Las culturas condenadas serve para repensarmos a questão indígena em diversos aspectos. A concessão de um território espacial - uma reserva não dá conta do respeito e da necessidade de difusão cultural de que são merecedores. Os guaranis que vivem aqui do nosso lado e morrem de fome nas reservas indígenas de Massiambu e do Morro dos Cavalos. À beira de uma rodovia e cercados por terras inférteis, um território não basta e como diz Bartomé Meliá- "agonizam cantando".

Enfim, a representação de Roa Bastos mostra a cultura pluriétnica do Paraguai que, na verdade, nada tem de “incógnito”, exige apenas disposição e novas categorias para pesquisá-lo e descobrir sua riqueza cultural. Este era o olhar de Roa e daí vem um lirismo que não se esgota em sua prosa e transcende gêneros e que denso de humanismo e energia merece ser revisitado também como um dos poema da obra El naranjal ardiente, escritos entre 1948 e 1949. Lembrem-se de que interna e externamente era o período pós-guerra, embora só tenha sido publicado em 1983.



LOS HOMBRES



Tan tierra son los hombres de mi tierra

Que ya parece que estuvieran muertos,

Por afuera dormidos y despiertos

Por dentro con el sueño de la guerra.



Tan tierra son que son ellos la tierra

Andando con los huesos de sus muertos.

Y no hay semblantes, años ni desiertos

Que no muestren el paso de la guerra.



De florecer antiguas cicatrices

Tienen la piel arada y su barbecho

Alumbran desde el fondo las raíces.



Tan hombres son los hombres de mi tierra

Que en el color sangriento de su pecho

La paz florida brota de su guerra.





E para concluir:



Segundo a cultura guarani, o ser humano ao morrer tem a possibilidade de renascer, mas poucos são os que o conseguem. Disso depende toda a trajetória individual. O primeiro nascimento é uma dádiva, o segundo são as sementes plantadas nos demais.

Até pelas datas de seus dois nascimentos, Don Augusto comprova uma vida emblemática. Nasce no mesmo ano da Revolução Russa (1917) e morre renascendo com uma data significativa, 2005, a celebração do IV centenário do primeiro romance moderno do Ocidente - el Quixote.

Augusto Roa Bastos foi quixotesco em vida? 1917 - 2005... essas datas poderiam corresponder às tensões entre as armas e as letras, existentes na trajetória dessa figura transnacional que se formou na vanguarda paraguaia dos anos 40, luta contra o poder político local e depois passa a representar-lhe ficcionalmente em várias de suas obras. Quanto ao público, Roa Bastos deixa claro que não escreve para um público determinado.

Cito:"O público escolhe seu próprio livro. Também não escreve para a posteridade. A posteridade não é rentável".

Não teme anunciar que escreve para sobreviver porque nunca deixa de reivindicar seu direito de interpretação; mesmo no exílio instaura uma voz. Tendo nascido paraguaio, após ter sido expulso de seu país de origem em um complô mal explicado em 1982, torna-se apátrida e recebe o direito à nacionalidade francesa e espanhola, adotando em 1983 a cidadania hispânica.

Representante da diáspora latino-americana seria hoje classificado como mais um “sudaca”? Extraindo saberes do sofrimento de uma geração que sofreu o êxodo político, soube deixar uma grande lição ao transformar a ficção da memória em memória da ficção.

Cito: Não nos resta outro refúgio que a sonhadora memória do esquecimento. Mas o esquecimento também pode esquecer que esquece. Só onde há tumbas a ressurreição é possível.



Augusto Roa Bastos renascido, aceita essa homenagem porque:



Nuestra alma es idéntica a nuestra imagen.

Nuestra cara, nuestra oreja, nuestras piernas,

Nuestros brazos. Toda nuestra imagen.

Está en medio de nosotros nuestra verdadera alma.

Se encuentra en el medio.




Alai Garcia Diniz










terça-feira, 9 de agosto de 2011

O CORREIO: A REVISTA DAS RELAÇÕES ENTRE ÁFRICA - CARAÍBA - PACÍFICO E UNIÃO EUROPÉIA

A HISTÓRIA VISTA PELOS AMERÍNDIOS

Henk Tjon é um dos grandes conhecedores da cultura das populações da Amazónia e um especialista das suas línguas. É também um homem de teatro, escritor e investigador. No Suriname é um símbolo do mundo intelectual. Fala-nos do olhar dos ameríndios sobre a sua História.

Marcel Pinas “Monumento Afaka”, em memória do negro castanho Atoemoesie, criador, no início do século XX, do vocabulário de comunicação Afaka, alfabeto e ideograma, ao mesmo tempo, constituído por 56 sinais que ainda são utilizados, 2008.

© Hegel Goutier

A História do Suriname, tal como divulgada pelos antigos colonos, estará cheia de falsidades se tivermos em conta as informações transmitidas de geração em geração nas comunidades indígenas. A primeira é que os ameríndios eram demasiado fracos e desfaleciam e foi por isso que se fizeram vir negros de África. Não. Muito simplesmente os europeus ocuparam este país e obrigaram os seus habitantes a trabalhar em condições desumanas. E a revolta estalou desde o início. Quando Alonso de Ojeda chegou à região em 1499, não ficou. Em 1593, Domingo de Vera, recebido dignamente pelo Pyai, rei e ao mesmo tempo líder espiritual da população indígena, agrediu o seu hospedeiro cortando-lhe uma orelha, porque considerou intragável a água que lhe foi oferecida. Mas de Vera e os seus homens tiveram de retirar-se rapidamente. Vários deles perderam então a vida. Depois disso a presença europeia reduziu-se a passagens furtivas. Até à chegada em 1662 de Lord Willoughby, a quem o Príncipe de Gales doou este território. “Outra grande mentira”, indica Henk Tjon.

Na verdade, contam os índios, de Vera solicitou aos seus antepassados autorização para instalar um entreposto. “Ele chegou portanto como uma serpente ao país.” De Vera deixou então entrar sub-repticiamente os estrangeiros em pequenos grupos. Quando o seu artifício foi descoberto, foi expulso. Voltou pedindo perdão e prometendo emendar-se. Foram os holandeses que acabaram por instalar a colónia, mas a luta dos índios nunca parou até à independência em 1975.

Tjoen explica porque é que entre os territórios da América do Sul, o do actual Suriname era para os ameríndios um símbolo a defender a todo o custo. Os índios acreditavam nas virtudes do Deus Sol. A Amazónia era o seu local privilegiado. Ora o Suriname é o local do continente onde já se vêem os raios de Sol quando o astro está situado sobre África. O gavião real (águia harpia), Anuwana na língua caraíba, era venerado porque representava o espírito do Sol nascente. É por isso que o Suriname, local de peregrinação para os fiéis do continente, que lhes prometia cama e mesa, adquiriu o nome de “nação de todos os povos”. Para pertencer a esta terra*, bastava entregar-se à terra**, ou seja, enterrar aí o seu cordão umbilical, que estava guardado e protegido muitas vezes desde o nascimento da criança.

Muito antes da chegada de Cristóvão Colombo, o Pyai teve uma visão de enormes pássaros que iriam chegar, trazendo nos seus flancos monstros brancos do mar. Seguir-se-ia um período de 500 anos de morte, guerra e desolação. Haveria sofrimentos e genocídios. E depois os povos libertar-se-iam. O que chocou os índios do Suriname foi que os recém-chegados fossem instalados sem os seus cordões umbilicais, sem darem o corpo à terra. Se não, ter-se-iam tornado simplesmente Surinen. “Como toda a gente”, conclui Tjoen.

* Land
** Earth

Hegel Goutie

Suriname. Fonte de vida de todos os povos

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

HÓSTIA RADIOATIVA - POEMA DE EVANDRO CARREIRA ESCRITO EM 1975.


( Evandro Carreira escreveu este poema quando senador pelo MDB. Depois migrou para ser o primeiro senador do PT. Mais tarde saiu do PT e foi para o PDT e para o PV. Evandro foi o primeiro, ainda nos anos 70, a formular um discurso sobre desenvolvimento alternativo para a biota Amazônica, baseado na utilização racional das várzeas, flora e fauna. Sua atualidade é espantosa e ainda vanguardista. Possuo divergências políticas com este mestre da Amazonidade. Mas são irrelevantes. Nossas intersecções filosóficas e existenciais são muito maiores. E quem sou eu, nos meus 48 anos de vida, para ombrear este "gênio e cientista do universo Amazônico", como o qualificou o desembargador José Batista Vidal Pessoa.)


A Liturgia do átomo será o ritual da nova mística

que impediá a deflagração da bomba.

Deus deslocou-se do Macro para o Micro.

Seu trono não está mais no céu,

Mas, no atrito das fissões nucleares.

É preciso ensinar o catecismo atômico e fazer o homem engolir

a HÓSTIA RADIOATIVA!

Só assim aplacaremos o novo Deus-Átomo.

Já não suporta as blasfêmias da ignorância humana,

que teima em procurá-lo , onde já esteve.

sábado, 6 de agosto de 2011

EM HOMENAGEM A DON BENITO VARELA JÁCOME

EN HOMENAJE A DON BENITO VARELA JÁCOME

JOSÉ CARLOS ROVIRA

Universidad de Alicante



Diré para comenzar que estoy muy agradecido a los profesores que me acompañan en este acto de homenaje a Benito Varela. Es un honor y una satisfacción hacerlo en compañía de excelentes colegas y amigos como Paco Tovar, Teodosio Fernández, Eva Valcárcel, Trinidad Barrera, Sonia Mattalia y Carmen Alemany. Agradezco además a Reme Mataix la coordinación de esta jornada de encuentro con el maestro Varela Jácome.

Diré que Benito Varela es sobre todo un maestro que me honra con su amistad, pero no voy a seguir hablando de amistad, sino de la sensación que su obra me produce. Y en este sentido sí que voy a hablar de magisterio, ese magisterio que ha ejercido hacia sus discípulos directos y también hacia los que no fuimos alumnos suyos, aunque un día nos sintiésemos como tales por la lectura de algunos de sus trabajos o por la presencia de Benito Varela Jácome en Congresos, seminarios, reuniones en las que estos años hemos podido participar junto a él. Como hoy, en donde estamos junto a él para plantearnos como primer apunte un significado de su obra, tan repleta de trabajos que han jalonado el hispanoamericanismo entre nosotros, de ideas que tienen grandes centros de unidad y que permiten a partir de ellas lanzar líneas hacia el futuro, de inteligencia sensible que es una forma particular de inteligencia que suelen tener sólo aquellos que han sabido unir sus capacidades intelectivas a ese espacio de sensibilidad que les permite demostrar que están sintiendo y no sólo entendiendo una obra literaria.

Voy a dividir mi intervención en dos partes: la primera hablará de la obra de Benito Varela; la segunda será algo así como Benito Varela y el hispanoamericanismo en España.

Sobre la obra quiero partir de una idea principal: en múltiples trabajos, Benito Varela ha trazado una visión nueva de la narrativa hispanoamericana del siglo XIX. Hay dos principales que quiero resaltar, su Evolución de la novela hispanoamericana en el siglo XIX y sus introducciones y notas a Amalia de Mármol, María de Isaacs, Aves sin nido de Clorinda Matto de Turner y La charca de Manuel Zeno Gandía. Creo que se perfila en relación a este espacio y estas obras una lección coherente de cultura y de literatura vivenciada. Diré que, al margen de cualquier otra consideración, Benito Varela es sobre todo un gran lector, lo que hace que sus trabajos se construyan desde la pluralidad de lecturas que han sedimentado una visión extensa. Que alguien diga que un profesor de literatura es aparte un gran lector de obras literarias parecería una obviedad, si no supiéramos que no siempre es así. Para una tipología del profesorado diré que frente al profesor-lector se desarrolló también durante años la figura, que no puedo cuantificar, del funcionario de la literatura. Son tipos humanos que tienen una psicología diferente, una biblioteca diferente, un decir diferente, bien...no quiero extenderme sobre esto, pero Benito Varela es afortunadamente del tipo de los primeros, y además de los grandes lectores, de los que resultan haber leído casi todo.

La narrativa del XIX. Hay un preciso contexto social trazado en algunos trabajos que quiero recordar. Es ese contexto social el que en todo caso es clave para comprender la riqueza, la pluralidad y también la dificultad de una producción novelística.

En sus trabajos sobre narrativa del XIX creo que se anuncia además una línea crítica que abre perspectivas nuevas para intentar sistematizar, en trabajos posteriores, algunos desarrollos imprescindibles.

Intentaré situarlos brevemente:


Una visión de conjunto pasa por un conocimiento concreto de las obras

En los panoramas que he señalado se trazan perspectivas de conjunto sobre una evolución que tiene aspectos diferenciales al español y al europeo sobre la presencia del romanticismo, realismo y naturalismo en la novela hispanoamericana. Se entrecruzan géneros temáticos como la novela indianista, histórica, sentimental, o se resaltan materiales que se agrupan en temas como la piratería o las novelas dedicadas a la Inquisición. Lo importante del panorama lo trazan las ciento treinta obras que, con mayor o menor extensión, son comentadas como base de la argumentación central. Prevalece el comentario a los grandes modelos (María de Isaacs, Amalia de Mármol, Martín Rivas de Blest Gana) pero se llama la atención sobre obras más desconocidas. Voy a poner un ejemplo sobre ello.

Un epígrafe del trabajo es sobre la obra del boliviano Nataniel Aguirre, Juan de la Rosa: memorias del último soldado de la independencia, publicada en 1885. Benito Varela llama la atención sobre ella en términos de «poco difundida y relegada por la crítica». Establece una valoración además:


Con una perspectiva de setenta y dos años, el escritor boliviano novela los episodios históricos acaecidos en su país, entre 1809 y 1811, con la insurrección de la Paz y la independencia de Cochabamba. El agente-narrado, Juan, desde la perspectiva amarga de la ancianidad, reconstruye su propia aventura infantil y los hechos históricos, las victorias y derrotas en la lucha por la emancipación,


y tras narrar episodios centrales, la geografía de la obra, la presencia indígena en la misma, las influencias galdosianas del autor, ha puesto en pie una obra que efectivamente «ha sido relegada por la crítica». He leído recientemente la edición española de Juan de la Rosa: memorias del último soldado de la Independencia (Madrid: Ediciones de Cultura Hispánica, 1991; hay una edición en Casa de las Américas en 1978). Y algunas valoraciones de momentos de la obra que Benito Varela ha realizado me han parecido ajustadísimas y valiosas:


Consigue cuadros dramáticos como el de la casa ardiendo y las mujeres muertas; tiene vigor o tensión el alzamiento de las mujeres de Cochabamba, en su lucha contra el ejército regular, ocupando los puestos de los hombres muertos, y su matanza en la Coronilla.


Creo que este tipo de llamadas de atención acrecienta un panorama literario que ha estado muy limitado. Si la crítica sobre Juan de la Rosa no ha sido muy abundante, no lo son tampoco las referencias en las historias literarias al uso, donde no suele aparecer ni la obra ni su autor, Nataniel Aguirre.

Este tipo de advertencias funciona en varias obras a lo largo del extenso e intenso recorrido: por ejemplo, La Calandria (1890) del mexicano Rafael Delgado, poco frecuentada también y no presente en las historias literarias, es comentada en términos de su normalidad conflictiva de amores entre clases sociales diversas, pero destacada en su espacio urbano, Pluviosilla, una fantápolis de las que Benito Varela ha ido definiendo a través de su representación literaria de espacios reales. Y fantápolis es un término que acuña también como definición propia.

Sugerencias e indicaciones sobre obras que permiten ir abriendo el número de un conjunto literario en el que, para trazarlo, recurre al comentario más o menos extenso de unas ciento treinta obras. En esa amplitud llama la atención sobre grupos relevantes que plantean indicaciones nuevas, ampliando a subgéneros temáticos como los que comento a continuación.


Novelas de Buenos Aires. Una constante biográfica

Benito Varela tiene una preferencia desde la juventud por Buenos Aires y no es extraño que ésta haya sido acompañada por recorridos por una literatura «prefundacional» de la ciudad. Creo que con ella entramos en una propuesta que considero relevante por las razones que cuento.

Sobre Buenos Aires, ciudad literaria se ha escrito mucho y se ha fijado en el decenio de los años 20 de nuestro siglo el momento fundacional en la literatura que reclamaba el Borges de El tamaño de mi esperanza. Con Borges, Evaristo Carriego antes, o Girondo, Scalabrini Ortiz o un poco más tarde Mallea, Martínez Estrada, Marechal son los autores de una fundación literaria de la que, sin embargo, Benito Varela se dedicó a trazar los orígenes en la literatura urbana del XIX.

Llamó la atención, por ejemplo, sobre una novela, cada vez más conocida, como La gran aldea que Lucio Vicente López publica en 1884. En Amalia de Mármol hay recorridos urbanos, pero, al margen del diferente valor de una y otra obra, es La gran aldea la que por primera vez los sistematiza, en el tránsito además de una época que va de 1852 a 1884, desde el Buenos Aires «patriota, sencillo, semitendero, semicurial y semialdea», al del presente en el que la vocación europea de la ciudad se va afianzando. El comercio por ejemplo es sometido a un recorrido por las transformaciones, como la oligarquía de la ciudad, la burguesía porteña definida como «iletrada, muda, orgullosa, aburrida, honorable, rica y gorda». Algún atisbo nostálgico en la autobiografía que traza el protagonista no impide la afirmación de una ciudad que empieza a situarse en la modernidad mediante una transformación demográfica y social.

La obra de Juan Antonio Argerich Inocentes o culpables de 1884 es otra lectura de la ciudad mediante lo que Benito Varela llama casi realismo crítico. Una trama amorosa sirve para construir también la transformación demográfica de la ciudad y una crítica mordaz a la política contemporánea.

Un metagénero es identificado en la perspectiva de la ciudad a través de lo que Benito Varela llama «el metagénero de la bolsa»: La Bolsa de Julián Martel (José María Miró), en 1891, crea el lugar a través de La Bolsa de Comercio para señalar la crisis de los años 90 del siglo pasado. El comienzo de la obra narra una lluvia y un viento en la Plaza de Mayo que golpea con fuerza el Palacio de Gobierno, el Cabildo y las columnas de la Catedral, hasta llegar a la Bolsa de Comercio. Un viento que, dice Benito Varela, «tiene un sentido simbólico de alegato crítico contra la degradación de las instituciones». Los simbolismos se acrecientan hasta el final en el que el protagonista, arruinado por la crisis, ve un monstruo espantoso y aniquilador que no es otra cosa que la bolsa metamorfoseada. Una penetración en diferentes ambientes urbanos completa la mirada de Martel, que es la de un periodista profundo conocedor de la ciudad.

En el mismo año, que es efectivamente el de una crisis bursátil, aparecían dos obras centradas en la ciudad y su crisis: Quilito de Carlos María Ocantos y Horas de fiebre de Segundo Villafañe.

La novela más amplia de este ciclo urbano, donde también habría que situar la visión de un autor mayor como Eugenio Cambaceres, es la que el médico Francisco Sicardi publica en cinco volúmenes entre 1894 y 1902, año en que muere: Libro extraño es el título de una construcción caótica, repleta de recorridos por lugares y transformaciones sociales, con una ciudad cada vez más cosmopolita por la presencia de vascos, gallegos, italianos y franceses, con lugares de vida de comunidades que cambian la fisonomía de la ciudad, con noches que ocultan la otra ciudad, la empobrecida y suburbial. Genaro, el protagonista, recorre con su mirada y sus sensaciones una ciudad que es también la de la miseria y la podredumbre.

Este espacio prefundacional urbano es una propuesta a través de modelos menores que Benito Varela realizó hace años, pero su visión de Argentina tiene un material complementario a la óptica porteña. Benito Varela lo identificó bien en «La Argentina visible en los libros de viajes», un recorrido por naturalezas que comienza con Lucio Mansilla y Una excursión a los indios ranqueles (1870), y sigue por Estanislao Zeballos, quien en la década del 80 publica Viaje al país de los araucanos, La región del trigo y A través de las cabañas; o la visión de la Patagonia en La Australia argentina de Roberto Payró (1898) o la misma naturaleza en manos de Fray Mocho (el periodista José Sixto Álvarez) quien en 1898 publica En el mar austral Croquis fueguinos, o los viajes hacia el norte de Víctor Gálvez, recogidos en Mi tierra; hasta otros viajeros argentinos del siglo XX que se llaman Arturo Capdevilla, Jorge Ávalos o Manuel Mujica Lainez.

La Argentina visible es ahora el espacio opuesto al porteño, todavía dentro de la antigua oposición modificada y dulcificada entre civilización y barbarie que creara Sarmiento. Benito Varela ha recorrido estas literaturas como espacio complementario, repleto de sugerencias de apreciación. Hace unos meses tuve que trabajar a otros viajeros, éstos españoles, que coincidieron en 1910 en aquel país: el Blasco Ibáñez de Argentina y sus grandezas y el Santiago Rusiñol de Del Born al Plata, obras que aparecen en 1911. Jugué entonces con la óptica diferencial de un escritor incontrolable como Blasco y un pintor como Rusiñol. Pues bien, hoy veo evidente una ampliación contrastiva de estos viajeros españoles con los propios argentinos en sus naturalezas. Se la debo a Benito Varela.

Algo me resulta curioso de esta emergencia porteña que señalaba. He leído recientemente el libro de Ricardo Luis Molinari, Buenos Aires 4 Siglos, donde traza bien las transformaciones de la ciudad desde la Colonia hasta el siglo XX. Entre la literatura citada, aparte de la necesaria y cada vez más apreciada La gran aldea, un poco de la Amalia, otro poco de Cambaceres, y la novela La bolsa. Faltan todas las demás. Creo que Benito Varela, con su perspectiva sobre todo de lector, ha ido más lejos, a ampliar modelos, a rescatarlos de las desapariciones que las obras sufren entre siglo y siglo. Luego intentaré hablar algo sobre el significado de esto. Porque hay más espacios narrativos resaltados: otros subgéneros temáticos de piratas e inquisidores.


Subgéneros temáticos: piratas, inquisidores...

Yo no sé si la gente sigue leyendo novelas de piratas aparte de La Isla del tesoro de Stevenson, pero si alguien quiere leer novelas de piratas en América hará bien en buscar las que Benito Varela rescata, por ejemplo:

Sierra O´Reylli, Justo, El filibustero (1851)
Márquez Coronel, Coriolano, El pirata
Márquez Coronel, Coriolano, La familia de los condes de Osorno
Bilbao, Manuel, El pirata del Huayas (1865)
Riva Palacio, Vicente, Los piratas del golfo, (1869)
Tapia Rivera, Alejandro, Cofresí (1876)
Ortega, Francisco Carlos, El tesoro de Cofresí, (1889)
Acuña Gabaldón, Francisco, Carlos Paoli
Acosta de Samper, Soledad, Los piratas de Cartagena (1885)
Sáenz Echevarría, Carlos, Los piratas
Cuevas Puga, Santiago, Esposa y verdugo, otros piratas de Tenco, (1897)
Pero junto a las novelas de piratas tenemos otro subgénero temático en el que hay que reparar: las novelas sobre la inquisición, de las que destaca:

López, Vicente Fidel, La novia del hereje o la Inquisición en Lima (1854)
Bilbao, Manuel, El Inquisidor Mayor. Historia de unos amores (1852)
Sierra O´Reilly, Justo, El Fénix. La hija del hereje (1850)
Riva Palacio, Vicente, Monja y casada. Virgen y mártir (1868)
Y hay algo que les quisiera comentar sobre esto y es la vinculación de esta literatura y su momento con la corriente historiográfica que recorre el fin de siglo: desde Ricardo Palma en Perú al trabajo americano del polígrafo chileno José Toribio Medina, la Inquisición en América aparece como objeto historiográfico al tiempo de esta eclosión de novelas inquisitoriales.

En fin de nuevo, llamadas de atención de un lector que, a través de su trabajo, sitúa bien un centenar de títulos que, al margen de su mayor o menor grandeza, forman parte de un entramado cultural que Benito Varela reconstruye para entregarnos además múltiples sugerencias. Yo no sé si Benito Varela piensa reconstruir próximamente esta perspectiva, ampliando y sistematizando una visión sobre la narrativa del siglo XIX sobre la que él está más preparado que nadie. Si lo piensa hacer, tendrá seguro el apoyo de sus discípulos entre los que quiero encontrarme. Como lleva una temporada algo perezoso (Por cierto, Benito, me debes todavía el artículo de la Isla), yo quisiera que estos comentarios sirvieran para animarlo. Creo que él como nadie ha servido para reintegrar títulos y olvidos. Hoy que se habla tanto sobre el canon, creo que su panorama de conjunto basado en una lectura minuciosa de muchas obras, servirá para no dejar reducido a cuatro o cinco obras el impulso narrativo que conforma ese brillante siglo XIX latinoamericano. Por cierto, hoy se habla mucho sobre el canon y la provocatoria actitud de Harold Bloom, con sus 26 modelos, o sea, Shakespeare y 25 más, nos dejaría sobre todo casi sin literatura hispanoamericana: de la colonia, recuerdan, sólo cita a Sor Juana no como modelo sino consumida casi por «la ansiedad de la influencia» de Góngora que tampoco parece un modelo canónico pues no conoció mucho a Shakespeare.

Pues bien, para la ampliación del canon, para el rescate de aquellos autores que casi nadie lee, para concebir la historia de la literatura desde otra dinámica...recuerden lo que dice Robert Darnton: «Nuestra noción de clásico, además, es el fruto de la enseñanza que hemos recibido de profesores los cuales, a su vez, la han heredado de otros profesores, y así en adelante, hasta un punto no mejor precisado pero localizable en el inicio del siglo XIX. La historia de la literatura es un producto artificial, confeccionado en el arco de muchas generaciones: un vestido en algunos puntos demasiado largo y en los otros demasiado corto...».

Yo creo que Benito Varela es un maestro que se negó a heredar la historia literaria tal como la recibía y ha buscado siempre, desde esa condición de lector apasionado, otras obras que permitían modificar panoramas y visiones de conjunto.

Por otra parte, su pluralidad de lecturas la ha abierto con fuerza hacia el siglo XX. Y recuerdo en ese sentido penetrantes lecturas sobre la narrativa de César Vallejo, Jorge Icaza, Carpentier, tantas otras que me llevan a una singular entrada reciente en La tregua de Mario Benedetti en donde el contexto social, la trama amorosa, la vida cotidiana, el fracaso...se estructuran en una precisa estrategia narrativa sobre la que Benito Varela resalta su eficacia. Estas llamadas de atención precisas sobre obras y autores contemporáneos latinoamericanos, o el Benito Varela galleguista, editor de obras principales de la tradición, o ese libro que tengo como memorable dedicado a Santiago de Compostela, forman apartados de una reflexión amplísima a través de la que podríamos trazar una aventura intelectual que anima a continuar su trabajo, aunque creo que debe ser el propio Benito Varela el primero en secundar la riqueza de sus propias propuestas.

Dije al principio que iba a dividir mi intervención en dos partes: en la segunda iba a hablar de Benito Varela y el Hispanoamericanismo en España. Pero voy a ser muy breve aunque podría extenderme: llevo bastantes años vinculado a una «troupe» de la que algunos de sus artistas principales están en esta mesa. Y Benito Varela, que preside honorariamente a todos los hispanoamericanistas de España, tiene que ver con una cierta complicidad cultural y vivencial que varios de nosotros mantenemos. En nuestra vida, en la social y en la universitaria, hemos visto de todo, de lo bueno y de lo malo. Hemos visto tantas veces a truchimanes alzarse con el santo y la seña. Pero hemos visto también, y nos reconforta, a personas que sabían conciliar dos sustantivos que permiten un juego fácil de palabras, conjugar la ciencia con la decencia. Y no les quepa duda que Benito Varela Jácome, en todos estos años, ahora mismo, es un modelo de esto.



Página mantenida por el Taller Digital Marco legal