( OBS NECESSÁRIA: Estou em tratamento de saúde física e psicológica por doença funcional. Sabedores deste fato, os covardes Márcio Souza , Zémaria Pinto e Tenório resolveram processar um conto e uma crônica publicada neste blog. Eles acreditam que a liberdade de expressão deles é maior que a minha. Não possuem recursos teóricos e estéticos para o debate e apelam para processos judiciais contra opiniões como esta abaixo. Caso eu morra por causa da pressão destes covardes, que o Ministério Público, onde tramita uma representação por racismo de Márcio Souza contra indígenas, negros e mestiços camelôs, os processe por crime doloso. Minha morte por exaustão foi tramada lá no bar do Pina. Calam-se sobre corrupção em órgãos culturais , dão nota pública atingindo minha honra porque denunciei fraude em vestibular, mas querem me transformar em bode expiatório ou ovelha do sacrifício das suas covardias. A UFAM está sob TAC, Termo de Ajuste de Conduta, e os livros que o Tenório e o Zémaria publicavam com o Marcus Frederico, formulador das questões, estão proibidos. Querem vingança. Já me condenaram a frenquentar 8 audiências judiciais para defender-me. Não entrarei neste jogo.Tenho filhos para criar. Vão lutar pela liberdade de expressão , seus bilontras. A ONU saberá disso. Covardes.)
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Nos anos 80, moleque na casa dos 20 e poucos anos, encontrei em São Paulo o poeta Jorge Tufic , transitando dos cinquenta para os sessenta anos. Este hiato geracional não nos impedia, nem nos impede, de falarmos a mesma linguagem sobre estética da arte Amazônica. Melhor: como eu fazia pós-graduação em Estética e Filosofia da Arte na USP, estraçalhando Macunaíma com estruturalismos, formalismos e estéticas alemãs da recepção, Tufic acertou na minha mosca:
" A teoria formalista do conto russo serve para explicar o conto popular russo; o estruturalismo francês serve para explicar a literatura francesa e assim por diante. Não podemos separar o objeto da teoria: precisamos de uma teoria amazônica da literatura para explicar os contos populares amazônicos - lendas,mitos,fábulas e mesmo a literatura escrita."
O poeta leu Maiakóvski: não existe arte revolucionária sem forma revolucionária. Digamos assim: não existe arte Amazônica, sem forma Amazônica e estamos conversado.
Tufic formulou a teoria e transformou-a em prática, em fazer poético. Teoria: Linguagem analógica, metáforas mágicas , por vezes alucinógenas, sintaxe enraizada na fala dos nheengatus e expressou a explicação assim: " Aí, kaxpi / meu sapo cozido/meu pote sonâmbulo/minha canoa tonta/meu rio afogado (...) " ou assim: "Descaminhar este rio até a boca do arco-íris /desvair a cobra grande até o visgo da lenda/ desanoitecer o canto até o mel virar cinza/desbarrigar o sapo tanoeiro até demais lua cheia. rastrear a neta da rainha Luzia até desouvir pororoca, Pegar tudo isso e banhar-se como fazem as cachoeira".
Além da poética da literatura oral, Tufic também esticou o conto oral até os dias de hoje: "A força da lua é presença constantes nas estórias do tempo-será. O falar dos anelos é tico, de molde a conter raiozinho de sol, estalidos de mato, toda essa folhagem de sono que dura sem tempo. O trabalho não é medido pelo esforço de andar, cavar, guerrear. Aos mortos , sim, lhes é dado uma pausa entre o fardo provisório e a luz a que se vão reintegrando , com todos seus pertences. O rio se encachoeira, às vezes, ao peso do coração que se transvia, desruma. E já sem o corpo a vagar, fabulante, ora sendo inambu,ora morcego".
Depois deste iluminar, descobri a chave: criei uma dramaturgia amazônica, do indígena na cidade e no presente, retirando o fardo do diálogo grego das costas da temática amazônica. A forma-fôrma do teatro grego, encapando e "engrupindo" os encautos desinformados, encaixavam a temática amazônia dentro da expressão européia e a colonização da linguagem continuava. A dramaturgia grandiloquente grega, de no mínimo 50 palavras por diálogos marcados pela silogismo da lógica aristotélica, isto tudo eu substitui por diálogos próximos da analogia, da magia e da simplicidade da fala popular indígena. Poronominari, encenado pelo grupo Pombal Artes, foi a ruptura com o passado da linguagem teatral grega tentando disfarçar o conteúdo passadista amazônico.
Ajuri -caba, porção grande, juntação de marimbondos, é palavra tupi - Mura, Mundurucu, Maué.
Mas A-ui-cauã era um lider arawak-Manao. Como poderia ter um nome tupi? Seria a tradução tupi do nome do líder arawak?
A europa já conhece a forma européia de fazer a arte cênica teatro. Precisa conhecer, se quiser, a forma amazônica de fazer arte cênica: o ritual de tocar-cantar-dançar-sagrar tudo ao mesmo tempo e misturado. Ou a arte cênica cabocona , que fundiu ritual e teatro na Saga Mundurucu.
Descolonizar a linguagem faz parte da liberdade de expressão. É uma atitude. Ou o neoliberalismo tardio ainda acredita no embuste do pensamento único?
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