quinta-feira, 19 de setembro de 2013

NOVELAS CLÁSSICAS : MAIS QUE UM CONTO, MENOS QUE UM ROMANCE !

NOVELAS CLÁSSICAS: UMA REVISITAÇÃO!

O AMANTE - MARGUERITE DURAS

Faltava a oitava! Havia lido o que considero as sete mais emblemáticas novelas da literatura universal. 
Diálogo dos Mortos , de Luciano de Samosata , séc. II d.C. ,que criou a estratégia narrativa da "autobiografia de um morto", utilizada por Machado de Assis em Brás Cubas.
O Decameron , de G. Boccaccio, que encaixou uma narrativa dentro da outra. Melhor: criou um narrador geral que organiza a narrativa de outros dez narradores, cada um contando dez histórias.
D. Quixote, de Miguel de Cervantes y Saavedra, que recriou as epopéias de aventuras gregas , encaixando episódios e não narradores.
Noites Brancas, de Fiódor Dostoievski, a melhor de todas , a mais revolucionária formalmente, na minha opinião: o narrador-personagem, em primeira pessoa , caracteriza-se como um tipo ( original, extravagante, sonhador, cultural, fantástico, absurdo) e não uma caricatura ou um indivíduo comum. Nisto , funde enredo e teoria literária, estrutura textual e estrutura social. Mais: Em certo momento, fala de si em terceira pessoa e muda a voz narrativa. Brilhante!
A Outra Volta do Parafuso , de Henri James, que recriou o Decameron, em ambiente urbano e com menos narradores paralelos , auxiliares do narrador principal em terceira pessoa!
Morte em Veneza, de Thomas Mann, que narra na conservadora terceira pessoa a experiência trágica de um escritor. Uma novela sobre a vida de quem escreve. Temática existencial e estratégia narrativa auto-referente , porém com uma voz narradora conservadora e não original .
Macunaíma , de Mário de Andrade. Uma rapsódia, isto é, uma junção de histórias da literatura oral , fundida com fatos urbanos e narrada em uma terceira pessoa que possibilita muitas outras vozes narradoras. Uma narrativa épica e identitária.
Faltava O Amante, de Marguerite Duras. Narrativa em primeira pessoa, voz narradora feminina , contando como , na adolescência, tornou-se uma , digamos, mulher , no sentido sexual. Põe o olhar feminino livre de pecados e dogmas, marcado pelo direito ao amor juvenil, um olhar feminino de alguém que encontra e , mais tarde, reencontra o prazer da adolescência na velhice e não vê diferença!
Na minha revisitação das novelas clássicas , faltava a oitava: O Amante , de Marguerite Duras!

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